quarta-feira, 21 de março de 2012

COMPANHIA DE JESUS


A Companhia de Jesus no Brasil

Cena da 1a missa realizada no Brasil (abril de 1500)
Com os descobrimentos ultramarinos, a Igreja Católica do Renascimento estava demasiadamente imersa nos problemas seculares para promover uma expansão missionário tão grandiosa como a que se exigia. Tornava-se igualmente irrealizável deixar nas mãos dos colonos a conversão do gentio. Possibilidade que se aventou, mas que logo foi abandonada, uma vez que o trabalho apostólico, por mais que se quisesse, representava sempre uma limitação aos propósitos predatórios e mercantis daqueles que viam o indígena meramente como força de trabalho a ser explorada. Para isso desenvolviam as racionalizações mais arbitrárias. Basta-nos ver o exemplo de Cortês, que pedia ao imperador e ao papa o direito de castigar os da terra que não se submetiam, apresentando-os "como inimigos de nossa santa fé".
Teriam, portanto, que sair da Igreja os esforços para a difusão do Cristianismo no ultramar. Foram as ordens religiosas que se propuseram a esse movimento missionário. Coube à dos franciscanos a precedência sobre todas as outras. As notícias de muitos povos pagãos recém-descobertos despertaram o zelo apostólico entre os frades de toda a Europa, oferecendo-se numerosos deles para predicar o Evangelho aos indígenas. Acorreram à América espanhola imediatamente após a conquista do México e se estenderam a todo o império espanhol no Novo Mundo. Seguiram-se a eles os dominicanos, cuja obra missionária, inspirada num rigorismo ético, chocava-se com a resistência dos colonos espanhóis que se recusavam a ver outra possibilidade no indígena que não fosse a sua exploração no trabalho escravo. Já em 1511 abria-se o conflito entre missionários dominicanos e colonos, com um sermão pronunciado pelo dominicano Antônio de Montesinos. Tendia a missão, enquanto impulso expansivo da Igreja Católica, a exercer uma influência mais além do eclesiástico, atacando um sistema colonial fundado na superposição de uma camada de senhores e na exploração do indígena.
Não demorou para que alguns discípulos da Companhia de Jesus mostrassem grande interesse em serem enviados ao Novo Mundo. Não contaram, entretanto, com a aquiescência do Papa, a quem o fundador da Companhia havia jurado obediência absoluta. Consideravam-se mais necessários os trabalhos dos jesuítas dentro da própria Europa, onde tanto havia que fazer, como os teólogos mais qualificados da igreja, para deixá-los dispersarem-se pelas missões na conversão de infiéis. Somente por volta de 1565 vieram os primeiros jesuítas para a América espanhola, numa expedição orientada para combater os huguenotes franceses alojados na Flórida. "Se simplifica em demasia o fato histórico, quando se faz derivar exclusivamente da Contra-reforma a expansão mundial da Igreja Católica da Época Moderna, e igualmente quando se supõe que essa expansão foi desencadeado pelos jesuítas. A revivescência e ativação das forças missionários da cristandade ocorreram na Idade Média tardia, por obra das ordens mendicantes, e a reforma desses institutos monásticos, em fins do século XV e começos do século XVI, reavivou o ardor apostólico em suas comunidades. A Companhia de Jesus não só apareceu mais tarde, senão que primeiro teve que fortalecer-se internamente e superar fortes resistências do governo espanhol, antes de poder cumprir sua grande obra de evangelização ."
Em Portugal a Companhia de Jesus havia sido favorecido desde 1540, durante o reinado de D. João III, e graças a ele puderam os jesuítas estabelecer-se na América portuguesa sem encontrar os impedimentos colocados aos jesuítas espanhóis por Filipe 11 e pelo Conselho das Índias. Junto com o primeiro governador-geral vieram para o Brasil os primeiros jesuítas: os padres Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes, Antônio Pires, Aspicuela Navarro, Vicente Rodrigues e Diogo Jácome. Nóbrega, que viera à frente dos demais, tornou-se Provincial com a fundação da província jesuítica brasileira, em 1553. Apesar de não ter sido a primeira ordem a aqui se instalar (aos franciscanos coube também no Brasil essa precedência), tomou-se a mais importante e a que maior influência teve na vida colonial brasileira.
O Sentido das Missões e da Catequese - A ação da Contra-reforma na Europa revestiu-se de dois aspectos principais: procurou por um lado reconquistar pelas armas os territórios protestantes; e por outro, onde a vitória militar lhe permitia, procurou converter as massas protestantes por toda uma série de meios. Nesse segundo aspecto, visando a reconquistar as almas onde a situação política o permitia, a Igreja romana empregou os métodos mais diversos: multiplicou as dioceses, construiu ou reconstruiu igrejas, sobretudo criou seminários, universidades e colégios, utilizando o fanático devotamente das ordens religiosas. Foram os jesuítas e capuchinhos os agentes por excelência dessa reconquista.
Ligou-se a esse movimento um outro, que vinha há mais tempo, mas que ganhou novo ímpeto com a reação à Reforma protestante, que pretendia não só a cristianização dos povos do Novo Mundo, mas a "conquista dessas almas" para a Igreja Católica. Os propósitos confessionais das ordens religiosas que se dirigiam às terras descobertas eram impregnados de ambições políticas. Em nome de intenções piedosas compunha-se a luta pela restauração do poder político da Igreja de Roma, abalado pela Reforma. Trazer os povos das novas terras para o seio da Igreja Católica; impedir nelas a penetração das seitas "heréticas", dando-lhes combate e lançando as bases da Igreja romana; e mantendo a vigilância sobre os colonos de forma a que não se desgarrassem dos preceitos católicos, tais eram as funções outorgadas às ordens religiosas, particularmente à Campanha de Jesus.
Foi quanto ao primeiro particular, a catequese, que se revelou o maior conflito com os colonos. Para os jesuítas tanto tinha importância a conversão das almas quanto a utilização econômica daquela mão-de-obra disponível; ao passo que aos colonos não interessava mais que a exploração da força de trabalho indígena, sem que se interpusesse a isso o empecilho da catequização. O que propunham os jesuítas na verdade, ao mesmo tempo em que visavam realizar aqueles objetivos político-religiosos, era uma forma "mais racional" de colonização em confronto com uma atitude puramente predatória dos colonos, apesar de mais condizentes com os termos da política mercantil.
As missões geralmente acompanharam as migrações dos indígenas à medida que estes fugiam dos principais centros de colonização, tentando escapar da escravização a que os colonos os submetiam. Dessa forma fixaram-se principalmente no sertão, em regiões que não apresentavam atrativos de exploração imediata, o que não quer dizer que estivessem isentas de investidos, que não formassem elas mesmas um alvo de cobiça dos colonizadores, pela quantidade de índios domesticados que aldeavam. Seus principais redutos localizaram-se no deserto do norte do México, nas orlas da floresta amazônica e no interior da América do Sul. Pela forma com que se organizaram, evoluíram como economias voltadas para a produção de excedentes comercializáveis pelos religiosos. Vale a pena citar um trecho de um estudo recente sobre o assunto: "Este modo de produção subsiste teve uma gravitação decisiva na extensa região que atualmente compreende a República do Paraguai, grande parte das províncias argentinas de Missões, Corrientes, Santa Fé, Chaco e Formosa, o Estado brasileiro do Paraná e os departamentos de Artigas, Salto, Paissandu, Rio Negro e Tacuarembo na República Oriental do Uruguai.
Como se pode apreciar, a difusão geográfica deste modo de produção foi bastante ampla. Com relação a suas características geográficas, chegou a compreender, durante o século XVIII, a uns 130 000 indígenas, cifra muito alta se recordarmos as da população total da região."
Este modo de produção, chamado despótico-aldeão ou despótico-comunitário, teve como fenômeno fundamental a recriação por parte do branco de uma comunidade indígena organizada em "pueblos" (aldeias) tendo em vista uma exploração mais racional da mão-de-obra índia. "Neste tipo de organização econômica se notam as conseqüências, de um modo específico, do impacto conquistador-colonizador sobre a anterior estrutura produtiva indígena. O fato distintivo será a férrea condução dos sacerdotes jesuítas, a minuciosidade administrativa e organizativa da Companhia, mais o zelo que em todo momento pôs essa instituição para evitar todo contato entre suas reduções e os espanhóis. Isto permitiu que os "pueblos" funcionassem até à expulsão em 1768 , como unidades produtivas relativamente autárquicas, que, embora mantivessem certa comunicação entre si, viviam totalmente separadas do resto da sociedade branca, com a qual se relacionavam economicamente apenas por meio da rede administrativa da Companhia de Jesus. ... Porém não devemos nos enganar sobre o sentido final dessa subtração de mão-de-obra efetuada pelos jesuítas aos 'encomenderos'. Obviamente a organização jesuítica significou também para os indígenas um sistema de exploração, na medida em que teve ela como resultado uma destruição quase total de seus valores culturais, além da pura espoliação econômica."
O Ensino Jesuítico - O padrão para o ensino jesuítico em Portugal e nas terras descobertas na América, Ásia e África foi dado pelo Real Colégio das Artes de Coimbra, cuja direção fora concedida à Companhia de Jesus em 1555, um dos mais altos estabelecimentos de ensino não superior do reino. Os mestres dos colégios ultramarinos, de fundação real, eram subsidiados pela Coroa, a título de "missões", quer dizer, formar sacerdotes para a catequese da nova terra, de modo a preparar num futuro quem substituísse os padres enviados da metrópole, no trabalho da evangelização. Entretanto, não cuidaram esses colégios apenas da formação de missionários, mas abriram suas portas àqueles que buscavam o ensino em suas aulas públicas, ou para simplesmente se instruírem, ou para irem continuar o aprendizado em medicina ou direito na Universidade de Coimbra.
A importância da Companhia de Jesus para a cultura colonial foi no campo da educação. Os primeiros colégios fundados no Brasil foram os de São Vicente, por Leonardo Nunes, e o de Salvador, por Nóbrega. Logo, acompanhando a expansão dos trabalhos de catequese (entre 1548 e 1604 cerca de 28 expedições de missionários foram enviadas à colônia], uma vasta rede de colégios espraiou-se pelo nosso litoral: São Paulo (1554), Rio de Janeiro (1568), Olinda (1576), Ilhéus (1604), Recife (1655), São Luís, Paraíba, Santos, Belém, Alcântara (1716), Vigia (1731), Paranaguá (1738), Desterro (1750), "Nas aldeias, vilas e cidades, as escolas intitulavam-se 'de ler, escrever, e contar'; e nos colégios, o mestre ora se chamava 'Alphabetarius' (1615), ora 'Ludi-Magister' (mestre-escola), e umas vezes se dizia 'Escola de Rudimentos', outras 'Escola Elementar'. Estava aberta durante cinco horas diárias, repartidas em duas partes iguais, metade de manhã, metade de tarde."
A organização do ensino jesuítico baseava-se no Ratio Studiorum, que, ao mesmo tempo em que era um estatuto e o nome de seu sistema de ensino, estabelecia o currículo, a orientação e a administração. O currículo dividia-se em duas seções distintas (inferiores e superiores), chamadas classes, de onde derivou a denominação "clássico" a tudo o que dissesse respeito à cultura de autores greco-latinos. As classes inferiores, com duração de 6 anos, compunham-se de Retórica, Humanidades, Gramática. Já as superiores, com duração de 3 anos, compreendiam os estudos gerais de Filosofia, para a época, abrangendo Lógica, Moral, Física, Metafísica e Matemática. Tanto num grau como no outro todo estudo era vazado no Latim e Grego e no Vernáculo. O sentido desse ensino Fernando de Azevedo descreveu-o bem: "Ensino destinado a formar uma cultura básica, livre e desinteressada, sem preocupações profissionais, e igual, uniforme em toda a extensão do território... A cultura "brasileira", que por ele se formou e se difundiu nas elites coloniais, não podia evidentemente ser chamada "nacional" senão no sentido quantitativo da palavra, pois ela tendia a espalhar sobre o conjunto do território e sobre todo o povo o seu colorido europeu: cultura importada em bloco do Ocidente, internacionalista de tendência, inspirada por uma ideologia religiosa, católica, e a cuja base residiam as humanidades latinas e os comentários das obras de Aristóteles, solicitadas num sentido cristão. Tratando-se de uma cultura neutra do ponto de vista nacional (mesmo português), estreitamente ligada à cultura européia, na Idade Média,. . .-é certo que essa mesma neutralidade (se nos colocarmos no ponto de vista qualitativo) nos impede de ver, nessa cultura, nas suas origens e nos seus produtos, uma cultura especificamente brasileira, uma cultura nacional ainda em formação."
O ensino jesuítico, tanto em Portugal quanto no Brasil, era público e gratuito. A Companhia tinha mesmo como dever o cumprimento do voto de pobreza, que foi reafirmado por uma determinação oficial de 1556, proibindo aos padres acrescentar qualquer forma de poder material ao religioso. No Brasil, porém, dado não haver um amparo direto da Coroa, como acontecia em Portugal, impôs-se a necessidade de encontrar fontes de recursos para a manutenção de suas instituições. Já o Padre Manuel da Nóbrega utilizara-se deste pretexto perante o delegado da Companhia no Brasil, Luís da Grã, a fim de permitir o estabelecimento de propriedades territoriais, inclusive com a utilização do braço escravo, em contradição com o voto de pobreza. Isso não se restringiu à Companhia de Jesus; o interesse pela propriedade, escravos e bens materiais foi comum às outras ordens religiosas que para cá vieram. Tal fato não deixou de preocupar a Coroa. Neste sentido foi que D. Sebastião, a fim de melhorar a situação, instituiu, em 1564, uma taxa especial para a Companhia, a redízima, descontada sobre todos os dízimos e direitos da Coroa. Mesmo assim, isso não era suficiente para arcar com as despesas, sustentadas, sem dúvida, através das fontes próprias de subsistência: as missões, verdadeiras empresas agro-extrativas da Companhia, os colégios ou suas próprias propriedades particulares.
As Visitações - Cabia também à Companhia de Jesus na colônia a vigilância sobre seus habitantes, de forma a mantê-los dentro dos estritos preceitos da religião católica, controlando os seus modos de vida e suas crenças, tanto combatendo as práticas tidas por pecaminosas como a penetração das seitas heréticas. Já no final do século XVI os jesuítas se ressentiam da liberalidade dos costumes demonstrada pelos colonos, que respiravam com alívio, uma vez longe da Inquisição, de seus atos de fé e queimadeiros. A presença estrangeira no Brasil de protestantes, como ingleses, holandeses e franceses, e mais concretamente, a tentativa de Villegaignon de fundar uma colônia no Rio de Janeiro com franceses calvinistas , tornava real a ameaça ao monolitismo católico que se pretendia assegurar na terra. Tais fatos levavam os inacianos a reclamar com insistência, junto à Companhia, a vinda de um Visitador do Santo Ofício que cuidasse da grave situação. No Brasil não se chegou à fundação de tribunais inquisitoriais permanentes. A Coroa limitava-se a enviar comissários especiais para a realização de processos por causa de fé. Estes funcionários viajavam para os lugares onde eram exigidos e eram conhecidos como "Visitadores".
Decidiu-se Lisboa a promover uma primeira visitação na colônia, enviando Heitor Furtado de Mendonça, que chegou aqui em meados de 1591, para "atalhar este fogo da Heresia". Durante quatro anos percorreu as Capitanias da Bahia e Pernambuco, cumprindo sua missão com tal exagero e prepotência que coube ao próprio Inquisidor-Geral e ao Conselho do Santo Ofício reprimir-lhe os excessos impondo moderação ao fanático Visitador: "Convém ter muita advertência nas prisões que fizer nas pessoas que hão de sair ao auto público, que se faça tudo com muita justificação pelo muito que importa à reputação e crédito do Santo Ofício e a honra e fazenda das ditas pessoas, as quais depois de presas e sentenciadas não se lhe pode restituir o dano que se lhes der."
Muitos foram nas capitanias os acusados e condenados por blasfêmias, por diminuírem, em conversas, o valor da Paixão de Cristo; por atos heréticos que atingiam a autoridade da Igreja; neste caso, estão as inúmeras arbitrariedades contra os "cristãos-novos", acusados de praticar o judaísmo às escondidas; por crimes de bigamia e de "pecado nefando" (práticas sexuais consideradas anômalas). Quantidades deles foram condenados a sair em "auto público" (para serem humilhados e esconjurados pelo populacho) sem serem ouvidos seus protestos de inocência; ou então, presos, tiveram seus bens confiscados, sendo enviados para o reino a fim de serem julgados pelo Conselho do Santo Ofício; alguns sofreram violências maiores, chegando mesmo a haver sacrifício em fogueira pública.
Fonte: paginas.terra.com.br



http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/companhia-de-jesus/religiao-no-brasil-colonial.php. 21 de março de 2012

Taylor Swift, Paula Fernandes - Long Live

quinta-feira, 15 de março de 2012

Globalização Milton Santos - O mundo global visto do lado de cá.

Globalização Milton Santos - O mundo global visto do lado de cá.

A MISSÃO(FILME)


 Relatório Sobre a Palestra realizada no Auditório 01 do IESB OESTE/ Coordenação de Pedagogia E Apresentação Simbólica do Corpo Docente
 Coordenadora do Curso de Pedagogia: Profa. Ma. Paula Fernanda Melo Rocha


Tema:
Turna: 1° A de Pedagogia
 Discente: Raimundo Nonato Nery de Sousa
Disciplina: História da Educação e da Pedagogia 
Docente:  Profa. Gilvanir Fernandes
Resumo
Por: Stela Renata de Lima Camara
Relatório do filme “A Missão” 


Dirigido por Roland Joffé e escrito por Robert Bolt, o filme A Missão é uma obra inglesa de 1986, baseada em fatos reais, e trata da época da expulsão dos jesuítas do reino português devido à crise nas relações entre Coroa portuguesa e a Companhia de Jesus. Irmão Gabriel (Jeremy Irons) é um padre jesuíta designado à Missão de São Carlos logo depois da morte de um padre. No meio dos índios guaranis, desarmado, ele é aceito por aquele povo por conta da música que tira do seu oboé, e é levado até onde estes residem. Lá ele reinicia o trabalho de evangelização dos índios.  Rodrigo Mendonza (Robert De Niro) é um mercador de escravos que tem sua vida mudada completamente após cometer um crime passional: tira a vida do próprio irmão, Felipe Mendonza (Aidan Quinn), por conta de uma mulher, Carlota (Cherie Lunghi). Como se tratou de um duelo, ele permanece em liberdade. Todavia, movido pelo sentimento de auto-punição, exila-se por conta própria em um mosteiro. Entretanto, ele aceita o convite do irmão Gabriel para retornar com ele à Missão de São Carlos – ou seja, a estar do lado daqueles “seres” que antes caçava. Com o passar do tempo, o convívio com os índios vai transformando Mendonza, a ponto de ele se tornar um jesuíta. Os jesuítas são convocados a defender sua permanência numa corte, que seria analisada por Altamirano (Ray Mc Anally), funcionário da Coroa portuguesa. O território ocupado pelas missões está em vias de passar a pertencer aos espanhóis: que podem escravizar os índios, ao contrário dos portugueses.  Antes de dar seu parecer final, Altamirano decide visitar as missões para conhecer o trabalho dos jesuítas na América do Sul. Ele visita várias missões e, em meio a uma indecisão, irmão Gabriel o convida a conhecer a Missão de São Carlos. Todavia, o destino das missões já estava traçado antes da corte ser iniciada: os jesuítas deveriam retirar-se do território ou serem massacrados por um exército. Todas as tentativas de persuadir os índios de se retirarem das missões são malogradas, e na missão de São Carlos, Mendonza abdica de seu voto de obediência jesuítica para liderar uma resistência. Irmão Gabriel se opõe, e decide ficar na missão sem lutar.  No final, todos são dizimados: tanto o valente Mendonza – que recebe o primeiro tiro tentando salvar a vida de algumas crianças –, quanto o pacato irmão Gabriel – que é morto com o corpo de Cristo em suas mãos. E assim se faz a vontade dos homens, que se julgam seres os porta-vozes da vontade de Deus.  Enfim, muitos falam das missões jesuíticas apenas por seu caráter evangelizador, no seu papel na quebra da identidade indígena. Mas o que moveu a Coroa portuguesa a expulsar os jesuítas não foi a preocupação com os índios, é óbvio, e sim questões políticas. Após a descoberta do Novo Mundo, os habitantes do paraíso só podiam ter três destinos: ou perder seus costumes e crenças para uma nova cultura, em nome de Deus; ou serem escravizados como animais selvagens; ou serem dizimados pelos colonizadores.

Flor Símbolo do Cerrado (Voz em off: Suzana Lenzi)

terça-feira, 13 de março de 2012

MEIO AMBIENTE

 
ONG em Ceilândia conscientiza população sobre descarte de lixo 
Cidadania 100 Fronteiras atende cerca de 5 mil pessoas no Setor Habitacional Pôr do Sol

Victoria Almeida
Victoria Almeida
Lixo e entulho descartados na região poluem os córregos
Para enfrentar o problema relacionado ao descarte de lixo nas ruas do Setor Habitacional Pôr do Sol, na Cidade de Ceilândia, a ONG Cidadania sem Fronteiras iniciou trabalhos de conscientização em fevereiro deste ano. Além da distribuição de material educativo de casa em casa que atende cerca de 500 pessoas por ação, a organização instalou 16 contêineres em locais estratégicos da região, onde 5 mil pessoas passaram a descartar o lixo produzido em suas residências. O setor que foi construído em 2000, atualmente abriga cerca de 20 mil famílias em 10 mil lotes.
Johnny Costa, coordenador da ONG, explica que as ações relacionadas ao descarte do lixo tem como principal foco a preservação dos mananciais de água. "Temos o projeto de preservação dos córregos que existem na área e do Parque Metropolitano de Ceilândia. Quando chove, o lixo e o entulho que as pessoas jogam na rua são levados para as águas e poluem, alem de sujar a área verde", explica.
O setor encontra-se inserido na chamada Área de Relevante Interesse Ecológico Juscelino Kubtscheck (ARIE JK), dentro da qual passa o Rio Melchior, formado por córregos das cidades de Ceilândia, Taguatinga e Samambaia. "A nossa preocupação é que o lixo jogado nessas águas são levados para o Rio do Descoberto, afluente da represa de Corumbá IV, que abastece cidades do DF", explica o coordenador.
A Prefeita Comunitária da região, Francisca Ambrósio do Nascimento afirma que há regiões em que os caminhões de lixo não conseguem passar para fazer a coleta. Além disso, a falta de rede de esgoto é mais um fator prejudicial ao meio ambiente da área.
"Estamos fazendo mal para o meio ambiente, mas não é porque a gente quer. Estamos esperando a regularização que deve ser aprovada até janeiro de 2012", afirma.

De acordo com a prefeita, a regularização do setor é a alternativa para reduzir os danos causados na área no decorrer dos anos. "O Pôr do Sol está dentro da ARIE JK. Nossa luta é para que o governo desça a poligonal somente para a região do Parque Metropolitano de Ceilândia para que possamos começar as obras de regularização do setor".

Processo em andamentoNo último dia 16, representantes da Secretaria de Estado de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (SEDHAB ) e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) estiveram no setor para dialogar com os moradores e visitar as áreas que serão mapeadas antes do início das obras da regularização. Segundo o Diretor de Articulação Institucional da SEDHAB, José Carlos Prestes, o processo está dividido em três etapas: regularização fundiária, urbanística e ambiental. "Esses pilares mostram que a terra é pública e que, portanto, devem ser construídos equipamentos públicos como escolas, postos de saúde e polícia. Algumas pessoas terão de ser remanejadas por estarem em áreas com risco de desabamento, além de providências de saneamento e cuidados ambientais", explica.
Prestes acrescenta ainda que a regularização obedecerá a lei do Programa Minha Casa, Minha vida, segundo o qual populações de interesse social com baixa renda podem permanecer habitando áreas ambientais. "No caso do Pôr do Sol, grande parte da população será mantida de acordo com a lei, mas serão obedecidos uma série de critérios como as três etapas para que possamos reduzir esses problemas", afirma.

Cidadania 100 fronteiras: planos e expectativasCriada há cerca de 20 anos, ONG Cidadania Sem Fronteiras iniciou com projetos voltados para o esporte, como o futebol, na região do Pôr do Sol. No entanto, os problemas ambientais e sociais levaram a entidade a ampliar a atuação para iniciativas de conscientização ambiental, além das atividades esportivas com jovens da região.
Costa afirma que novos projetos estão sendo elaborados para o ano de 2012, em parceria com alunos do ensino fundamental de escolas do P Sul, em Ceilândia. "O Guardiões do Cerrado será uma ação que conscientizará esses jovens com relação ao espaço ecológico da área, com a realização de seminários e oficinas nas escolas", explica. Além dessa ação, a ONG deseja ainda a ampliação do Parque Metropolitano de Ceilândia. "O parque está ocupado em parte pela UnB e pela sede da Polícia Civil. Precisamos de um espaço maior que abranja o sítio arqueológico encontrado na ARIE JK, com objetos existentes há 9 mil anos, além de um espaço urbano para a construção de um museu para expor esses objetos que estão na Universidade Católica de Goiânia. E de um espaço para atendermos um público maior com oficinas e outras atividades", acrescenta o coordenador de projetos da Organização, Sebastião Gonçalves Rios.
A Cidadania 100 Fronteiras conta com o apoio da Central Única de Moradores e Entidades do Setor Habitacional Pôr do Sol, presidida por Leni Ângela Gomes Rabi. Segundo ela, a população da área está aderindo às iniciativas propostas pela organização. "Nós estamos dentro de uma região ambiental, os moradores estão desenvolvendo essa consciência de que temos uma parcela de responsabilidade para fazer a preservação. Vemos cada vez menos lixo espalhados pelas ruas", afirma.

Uma ilha em plena área protegida do cerrado


Sinalização e localização correta das trilhas ainda é deficiente em atração do Parque Nacional de Brasília

Lidyane Araujo Barros
Muitas pessoas visitam o Parque Nacional de Brasília, popularmente conhecido como Água Mineral, apenas para desfrutar das piscinas naturais do local. Existem outras trilhas ecológicas que estão localizadas pelas áreas, mas a população brasiliense desconhece suas localização. A Ilha da Meditação está localizada a 400 metros das tradicionais áreas de lazer. O nome do local indica que ali é um ambiente favorável para quem deseja fugir dos ruídos do centro da cidade. No entanto, poucas pessoas conhecem e apreciam as vantagens que a natureza oferece a região.
Além das piscinas serem a principal atração do parque, o local de acesso à ilha é pouco sinalizado. "Poucas pessoas visitam a ilha justamente porque só existem duas placas de sinalização pelo caminho", justifica a estudante de administração, Gabriele Moura. A placa que fica próximo ao local, mostra ao visitante o sentido de valorizar a Ilha da Meditação: "Local para ouvir e abraçar o silêncio, reconectar-se à paz e à natureza". Manter a ilha limpa e acessível  garantirá ao visitante uma prazerosa contemplação do local.
Com uma área extensa de 30 mil hectares, o parque possui uma vegetação nativa e rica, contribuindo para a preservação ambiental. "O parque tem uma atmosfera úmida e a água transmite toda uma energia calma, comenta o servidor público Felipe Bustamente. Algumas ilhas contornam a Água Mineral, mas o acesso é pouco viável. São cerca de cinco quilômetros ladeados por vegetações altas e sem qualquer informação ao turista. Já a Trilha da Capivara possui um quilômetro. Ao final de um dos trajetos, na trilha Cristal Água o turista se depara com um banquinho para repousar em meio à natureza do cerrado. O limite de visitantes aos finais de semana é de 3 mil pessoas. Porém, quando uma das piscinas fecha para limpeza, esse número cai para 1.500 usuários. "Não excedemos o número de visitantes, justamente para garantir a segurança de todos", assegura o agente ambiental do parque, Valdivino Moraes. A revitalização das trilhas contribuirá para uma maior visitação de umas áreas mais preservadas de Brasília. Quase todos os domingos eu venho apreciar o parque, a piscina natural e as trilhas. Muitas pessoas deveriam apreciar esse local que é zelado com carinho pelos administrados. Faço questão de ficar sozinha e reservar meu tempo à natureza", relata a estudante Lourdes Araújo.

quarta-feira, 7 de março de 2012

domingo, 4 de março de 2012

ÍNDIOS PIRAHÃS


ÍNDIOS PIRAHÃS

Eles não sabem contar, não diferenciam cores, não conhecem arte ou mitos, não entendem ficção. Os pirarrãs são apenas 350 índios escondidos no meio da selva amazônica. E, mesmo assim, colocam em risco a lingüística moderna.
por Texto Rita Loiola
 
Entre as coisas que separam os homens dos outros animais estão as sutilezas da linguagem. Os bichos até são capazes de transmitir mensagens simples – em geral relacionadas a comida, sexo ou disputa de território –, porém não conseguem encaixar uma mensagem dentro de outra. Por exemplo: um gorila bem treinado pode dizer “o menino veste uma camiseta vermelha” ou “o menino está nadando no rio”, mas nunca “o menino de camiseta vermelha está nadando no rio”. Esse é um atributo exclusivamente humano que os lingüistas batizaram de recursividade – que, salvo casos de deficiência mental, é considerado um denominador comum a todos os indivíduos da nossa espécie. O que aconteceria se um grupo humano não dominassse essa ferramenta? Essas pessoas seriam menos humanas que as outras?
Esse é o vespeiro que o pesquisador americano Daniel Everett cutucou ao dizer que o povo pirarrã, da Amazônia brasileira, é desprovido de recursividade. Ele nunca afirmou que esses índios são a fronteira entre humanos e animais. Boa parte da comunidade de estudiosos da linguagem, contudo, crê que essa é uma conclusão lógica das idéias que Everett defende. Para complicar mais o cenário, a teoria dele contraria o pensamento do maior peso pesado da lingüística atual: o também americano Noam Chomsky.
Mas vamos aos fatos. Os pirarrãs são uma tribo de caçadores-coletores que vivem à beira do rio Maici, no Amazonas, na divisa com Rondônia. Eles vivem em cabanas feitas de 4 paus cobertas de palmeiras e não são aqueles índios coloridos que fazem artesanato de penas descansando na rede: os pirarrãs dormem no chão, sobre ramos de árvores, e não têm cultura artística, segundo os relatos de Everett. Não cultivam terras ou guardam alimentos. O pesquisador aponta na língua 8 consoantes, 3 vogais e uma imensa quantidade de tons e comprimentos de sílabas. O sistema fonético – menu de sons que, combinados, formam as palavras de uma língua – é diferente para homens e mulheres: elas falam uma consoante a menos que eles. As índias são detentoras do “menor sistema fonético do mundo”, nas palavras do pesquisador. Os pirarrãs contam as coisas em 1, 2, bastante e, ainda de acordo com os dados colhidos pelo lingüista por quase 30 anos, eles não nomeiam cores, não possuem mitos de criação, ficção nem têm memória individual ou coletiva que ultrapasse duas gerações.
Mas é a falta da tal recursividade que pôs Everett em conflito com seus colegas lingüistas. Foi justamente Noam Chomsky, principal nome de uma corrente da lingüística chamada gerativismo, quem chegou à conclusão (num trabalho co-assinado por dois outros pesquisadores) de que recursividade é a diferença principal entre a linguagem humana e a comunicação dos animais. Como se não bastasse, Everett diz que os pirarrãs não se encaixam no pilar do pensamento chomskiano, a Teoria da Gramática Universal. Segundo essa teoria, o cérebro de todos os seres humanos já vem equipado com a estrutura necessária para a aquisição de linguagem. Vamos usar computadores como comparação: segundo Chomsky, nascemos todos equipados com um editor de texto padrão, como o Microsoft Word­; segundo Everett, saímos da fábrica sem esse programa, e os pirarrãs optaram por um editor de texto mais barato.
Ele diz que os índios não são recursivos pelo que chamou de “Princípio da Experiência Imediata”. O nome é mais complicado do que a coisa em si: os pirarrãs só vivem e falam do aqui-agora. Fazem apenas sentenças relacionadas ao momento em que estão falando, aos fatos vistos por eles. “As sentenças dos pirarrãs contêm somente situações vividas pelo falante ou testemunhadas por alguém vivo durante a vida do falante”, define Everett em um de seus artigos. Por isso, o problema com as abstrações e tudo o que resulta delas: cores, números, mitos, ficção e a bendita recursividade. Também é isso que faz com que os pirarrãs, ao contrário de todas as outras comunidades lingüísticas já estudadas, não aprendam a contar em outro idioma. “Eles não querem saber de nada que esteja fora do seu mundo”, afirma Everett.
O pesquisador chegou à tribo, na década de 1970, como um missionário cristão com a missão de converter os índios. Nunca conseguiu. Everett fazia parte de uma organização internacional que espalha a palavra de Deus por meio da tradução da Bíblia para línguas sem escrita. Trabalhando arduamente para entender a língua da comunidade, o então pregador entrou na Unicamp, em 1978, e descobriu os estudos de Noam Chomsky. Isso mudou sua vida.
Everett tornou-se um fervoroso adepto das idéias chomskianas e, em 1983, defendeu a primeira tese sobre a tribo na própria Unicamp. Mas, para ele, alguns pontos da língua ficaram sem explicação. Começou, então, a questionar os princípios da gramática universal e destrinchar o pirarrã. “Por muito tempo, achei que, se fosse mais a fundo, explicaria tudo e preencheria os ‘buracos’ da língua”, diz. “Mas, depois de 30 anos, não sei como me aprofundar mais.” Desiludiu-se também com o cristianismo. Voltou para os EUA e, em 2005, publicou na revista Current Anthropology um artigo que ateou fogo entre os acadêmicos. “Acho que a gramática universal foi uma boa hipótese preliminar. Mas não funciona e nem é necessária”, afirma.
Os lingüistas rebatem dizendo que Everett entendeu tudo errado. “A contagem ‘1, 2, bastante’, por exemplo, é típica de vários outros indígenas”, afirma Maria Filomena Sândalo, lingüista da Unicamp que fez sua dissertação de mestrado sobre a tribo. “Isso não quer dizer que eles não reconheçam quantidades. Eles simplesmente fazem recortes diferentes da realidade, como qualquer outra língua.” A professora argumenta que, enquanto esteve com os pirarrãs, encontrou uma linguagem tão complexa e recursiva como qualquer outra. “É muito esquisito que alguns pesquisadores vejam a recursividade na língua e Everett não a enxergue”, diz Cilene Rodrigues, lingüista da Unicamp. Ela interessou-se pela questão pirarrã e, junto com dois outros pesquisadores do MIT e de Harvard, analisou os dados colhidos por Everett. Em março deste ano, o grupo publicou um artigo concluindo que a língua é normal. “Ela não é inexplicável ou especial. É tão interessante quanto uma língua de qualquer outro lugar do mundo. Não tem essa história de experiência imediata ou falta de recursividade”, diz a professora.
O maior interessado na briga toda não quer nem ouvir falar dos pirarrãs. Chomsky pede com paciência a todos que o questionam sobre o assunto que leiam o artigo de Cilene. “Não trabalhei tão a fundo na questão e não tenho interesse em jogar lenha numa fogueira que nem sequer deveria estar ardendo”, diz. O intelectual argumenta que os pirarrãs não são um “contra-exemplo” à gramática universal – nada mais que o nome usado no último século para a teoria do componente genético que habilita os humanos a se comunicar. E, como os pirarrãs não são diferentes geneticamente do resto da humanidade, não há nada de extraordinário aí. “Estamos falando de ciência, não de religião. As teorias sempre mudam com as novidades empíricas e o desenvolvimento de outras visões teóricas.”
O gerativismo, inclusive, não é a única forma de explicar a aquisição de linguagem. Existem pelo menos 4 correntes de estudos que tentam decifrar como os seres humanos conseguem se comunicar entre si. Uma delas, o estruturalismo, forte até o final dos anos 60, apregoa que a linguagem não é um item de fábrica, mas um opcional: ela é aprendida social e culturalmente. “As análises de Everett nos mostram que o estruturalismo ainda está vivo”, diz Roberto Baronas, lingüista da Universidade Federal de São Carlos. “Everett simplesmente defende uma coisa diferente da gramática universal, afirmando que os pirarrãs aprendem a língua de acordo com sua cultura e não fazem a recursividade.” Ele critica o pensamento monobloco da academia: “Como Chomsky é considerado o grande lingüista do último século e ficou 50 anos sem que ninguém o enfrentasse, essa ‘bomba pirarrã’ está causando convulsões”.
O que deixou os profissionais de linguagem de cabelo em pé foi o modo como Everett tratou seu objeto de pesquisa. “Ele só fala de gaps e lacks, de falta e mais falta nessa língua”, afirma Esmeralda Negrão, da USP. “É o seguinte, se essa língua só tem faltas e buracos, significa que existem outras mais ricas e complexas. Se existem outras línguas mais completas, então essa comunidade é pior que outras. O que me assusta é que esse argumento já foi usado para legitimar preconceitos, por exemplo, contra os negros americanos na década de 1960.” É claro que Everett nunca escreveu isso. “Mas o modo como ele redige seus artigos leva a interpretações assim”, argumenta a professora.
Everett afirma que jamais pensou em sugerir que os pirarrãs sejam menos evoluídos que outros povos ou tenham qualquer falha na capacidade de aprender. “Há lingüistas que já disseram a mesma coisa que eu sobre diversas línguas e ninguém os chama de preconceituosos”, afirma o pesquisador, que volta e meia ainda leva seus colegas para visitar a tribo e estudá-la. Mas, quase sempre, volta sem novidades. “A falta de recursividade na língua não diz nada a respeito da capacidade mental de um povo.” O que Everett brada aos quatro ventos é que os lingüistas estão tentando tomar uma postulação de Chomsky como parte da definição de ser humano. “É um exagero acreditar que alguém que se opõe à gramática universal não seja um bom cientista e, ainda por cima, seja racista. Aliás, é bem ridículo.”

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