domingo, 29 de abril de 2012

O ARCO E O CESTO: PAPÉIS CULTURAIS.


CLASTRES, Pierre. “O Arco e o Cesto”. In  A Sociedade contra o Estado. Pesquisas de Antropologia Política. Tradução de Theo Santiago.  - Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. Págs. 71-89.V.

O ARCO E O CESTO

Quase sem transição, a noite conquistou a floresta, e a massa das grandes árvores parece estar mais próxima. Com a escuridão instala-se também o silêncio; pássaros e macacos calaram-se e só se escutam as seis notas desesperadas do urutau. E, como por acordo tácito com o recolhimento geral em que se dispõem os seres e as coisas, nenhum barulho surge mais desse espaço furtivamente habitado onde acampa um pequeno grupo de homens. Lá um bando de índios guaiaquis acampa. Animado de quando em quando por um sopro de vento, o reflexo avermelhado de cinco ou seis fogos familiares tira da sombra o círculo vago dos abrigos de folha de palmeira, cada um dos quais, frágil e passageira morada dos nômades, protege o repouso de uma família. As conversas murmuradas que se seguiram  à refeição cessaram pouco a pouco; as mulheres, abraçando ainda seus filhos encolhidos, dormem. Poder-se-ia julgar também estarem adormecidos os homens que, sentados junto ao fogo montam uma guarda muda e rigorosamente imóvel. Entretanto eles não dormem, e seu olhar pensativo, preso às trevas próximas, mostra uma espera sonhadora. Pois os homens se preparam para cantar,71e essa noite, como por vezes nessa hora propícia, vão entoar, cada um por si, o canto dos caçadores: sua meditação prepara o acordo sutil de uma alma e de um instante com as palavras que vão dizê-lo, uma voz logo se eleva, quase imperceptível a princípio, brotando do interior, murmúrio prudente que nada traz ainda da busca paciente de um tom e de um discurso exatos. Mas ela sobe pouco a pouco, o cantor torna-se seguro de si e, subitamente, seu canto jorra, esplendoroso, livre e tenso. Estimulada, uma segunda voz se une à  primeira, depois uma outra; elas trazem palavras precoces, como respostas a questões que elas precederiam sempre. Agora todos os homens cantam. Estão sempre imóveis, o olhar um pouco mais perdido; cantam todos juntos, mas cada um canta seu próprio canto. Eles são senhores da noite e cada um pretende ser senhor de si.Mas precipitados, ardentes e graves, as palavras dos caçadores ache1se cruzam,  à sua  revelia,  em um diálogo que elas queriam esquecer.Uma oposição muito clara organiza e domina a vida quotidiana dos guaiaqui: aquela dos homens e das mulheres cujas atividades respectivas, marcadas fortemente pela divisão sexual das tarefas, constituem dois campos nitidamente separados e, como aliás em todos os lugares, complementares. Mas, diferentemente da maioria das outras sociedades indígenas, os guaiaqui não conhecem forma de trabalho em que participem ao mesmo tempo os homens e as mulheres. A agricultura, por exemplo, alterna tanto atividades masculinas como femininas, já que, se em geral as mulheres se dedicam a semear, a limpar os campos de cultivo e a colher os legumes e cereais, são os homens que se encarregam de preparar o lugar das plantações derrubando as árvores e queimando a vegetação seca. Mas se os papéis são bem distintos e nunca se misturam, nem por isso deixam de assegurar em comum o início e o sucesso de uma operação tão importante como a agricultura. Ora, nada disso ocorre com os guaiaqui. Nômades que tudo ignoram da arte de plantar, sua economia apóia-se exclusivamente na exploração dos recursos naturais que a floresta oferece. Estes se distribuem sob duas rubricas principais: produtos da caça e produtos da coleta, esta última compreendendo sobretudo o mel, as larvas e o cerne da palmeira pindo.  Poderíamos pensar que a procura dessas duas classes de alimento se conformaria ao modelo muito difundido na América do Sul segundo o qual os homens caçam, o que é natural, deixando para as mulheres  o cuidado de coletar. Na realidade, as coisas se passam de maneira muito diferente, uma vez que, entre os guaiaqui, os homens caçam e também coletam. Não que, mais atentos que outros ao lazer de suas esposas, quisessem dispensá-las das tarefas que normalmente lhes caberiam; mas, de fato, os produtos da coleta são obtidos  à custa de operações penosas que as mulheres dificilmente realizariam: localização das colmeias, extração do mel, derrubada das árvores etc. Tra-72ta-se então  de  um tipo de coleta que concerne bem mais às atividades masculinas. Ou, em outros termos, a coleta conhecida alhures na América e que consiste na obtenção de bagas, frutas, raízes, insetos etc., é  quase inexistente entre os guaiaqui, pois na floresta por eles ocupada não são abundantes os recursos desse gênero. Então, se as mulheres praticamente não coletam, é porque nela quase nada existe para ser coletado.Conseqüentemente, como as possibilidades econômicas dos guaiaqui estão culturalmente reduzidas pela ausência da agricultura  e naturalmente reduzidas pela relativa raridade dos alimentos vegetais, a tarefa cada dia recomeçada de procurar alimentação para o grupo incumbe essencialmente aos homens. Isso não significa que as mulheres não participam na vida material da comunidade.  Além de lhes caber a função, decisiva para os nômades, do transporte dos bens familiares, as esposas dos caçadores fabricam cestos, potes, cordas para os arcos; elas cozinham, cuidam das crianças etc. Longe, então, de serem ociosas, elas dedicam inteiramente o tempo de que dispõem à execução de todos esses trabalhos necessários. Mas não deixa de ser verdade que no plano fundamental da "produção" de alimentos, o papel de fato menor desempenhado pelas mulheres deixa aos homens o absorvente e prestigioso monopólio. Ou, mais precisamente, a diferença entre homens e mulheres ao nível da vida econômica surge como a oposição de um grupo de produtores e de um grupo de consumidores.O pensamento guaiaqui, como veremos, exprime claramente a natureza dessa oposição que, por estar situada na própria raiz da vida social da tribo, comanda a economia de sua existência quotidiana e confere sentido a todo um conjunto de atitudes na qual se liga a trama das relações sociais. O espaço dos caçadores nômades não se pode repartir segundo as mesmas linhas que o dos agricultores sedentários. Dividido por estes em espaço da cultura, constituído pela aldeia e pelos campos de cultivo, e em espaço da natureza ocupado pela floresta circundante, ele se estrutura em círculos concêntricos. Para os guaiaqui, ao contrário, o espaço é constantemente homogêneo, reduzido  à  pura extensão onde é abolida, ao que parece, a diferença da natureza e da cultura. Mas, na realidade, a oposição já salientada no plano da vida material fornece igualmente o princípio de uma dicotomia do espaço que, por ser mais disfarçada do que em sociedades de outro nível cultural, nem por isso é menos pertinente. Existe entre os guaiaqui um espaço masculino e um espaço feminino, respectivamente definidos pela floresta onde  os homens caçam e pelo acampamento onde reinam as mulheres. Sem dúvida as paradas são muito provisórias: elas raramente duram mais de três dias. Mas são o lugar de repouso onde se consome a alimentação preparada pelas mulheres, ao passo que a floresta é o lugar do movimento especialmente destinado às incursões dos homens em busca da caça. Não poderíamos, evidentemente, tirar desse fato a73conclusão  de que as mulheres são menos nômades que seus esposos. Mas, por causa do tipo de economia em que está apoiada a existência da tribo, os verdadeiros senhores da floresta são os caçadores: eles efetivamente a cercam, pois são obrigados a explorá-la com minúcia para explorar sistematicamente todos os seus recursos. Espaço do perigo, do risco, da aventura sempre renovada para os homens, para as mulheres, a floresta é, ao contrário, espaço percorrido entre duas etapas, travessia monótona e fatigante, simples extensão neutra. No pólo oposto, o acampamento oferece ao caçador a tranqüilidade do repouso e a ocasião de fazer trabalhos rotineiros, enquanto é para as mulheres o lugar onde se realizam suas atividades específicas e se desenrola uma vida familiar que elas controlam amplamente. A floresta e o acampamento encontram-se assim dotados de signos contrários conforme se trate de homens ou de mulheres. O espaço, poder-se-ia dizer, da "banalidade quotidiana" é a floresta para as mulheres, o acampamento para os homens: para estes, a existência só se torna autêntica quando a realizam como caçadores, quer dizer, na floresta, e para as mulheres quando, deixando de ser meios de transporte, elas podem viver no acampamento como esposas e como mães.Podemos então medir o valor e o alcance da oposição sócio-econômica entre homens e mulheres porque ela estrutura o tempo e o espaço dos guaiaqui. Ora, eles não deixam no impensado o vivido dessa  práxis:  têm uma consciência clara e o desequilíbrio das relações econômicas entre os caçadores e suas esposas se exprime, no pensamento dos índios, como a  oposição entre o arco e o cesto. Cada um desses dois instrumentos é, com efeito, o meio, o signo e o resumo de dois "estilos" de existência tanto opostos como cuidadosamente separados. Quase não é necessário sublinhar que o arco, arma única dos caçadores, é um instrumento exclusivamente masculino e que o cesto, coisa das mulheres, só é utilizado por elas: os homens caçam, as mulheres carregam. A pedagogia dos guaiaqui se estabelece principalmente nessa grande divisão de papéis. Logo aos quatro ou cinco anos, o menino recebe do pai um pequeno arco adaptado ao seu tamanho; a partir de então ele começará a se exercitar na arte de lançar com perfeição uma flecha. Alguns anos mais tarde, oferecem-lhe um arco muito maior, flechas já eficazes, e os pássaros que ele traz para sua mãe são a prova de que ele é um rapaz sério e a promessa de que será um bom caçador. Passam-se ainda alguns anos e vem a época da inicia-ção; o lábio inferior do jovem de cerca de 15 anos é perfurado; ele tem o direito de usar o ornamento labial,  o beta,  e é  então considerado um verdadeiro caçador, um  kybuchuété. Isso significa que um pouco mais tarde ele poderá ter uma mulher e deverá conseqüentemente prover as necessidades do novo lar. Por isso, o seu primeiro cuidado, logo que se integra na comunidade dos homens é fabricar para si um arco; de agora74em diante membro "produtor" do bando, ele caçará com uma arma feita por suas próprias mãos e apenas a morte ou a velhice o separarão de seu arco. Complementar e paralelo é o destino da mulher. Menina de nove ou dez anos, recebe de sua mãe uma miniatura de cesto, cuja confecção ela acompanha atentamente. Ele nada transporta, sem dúvida; mas o gesto gratuito de sua marcha — cabeça baixa e pescoço estendido nessa antecipação do seu esforço futuro — a prepara para seu futuro próximo. Pois o aparecimento, por volta dos 12 ou 13 anos, da primeira menstruação e o ritual que sanciona a chegada da sua feminilidade fazem da jovem virgem uma  daré,  üma mulher que será logo esposa de um caçador. Primeira tarefa do seu novo estado e marca da sua condição definitiva, ela fabrica então o seu próprio cesto. E cada um dos dois, o jovem e a jovem, tanto senhores como prisioneiros, um do seu cesto, o outro do seu arco, ascendem dessa forma  à  idade adulta. Enfim, quando morre um caçador, seu arco e suas flechas são ritualmente queimados, como o é também o último cesto de uma mulher: pois, como símbolos das pessoas, não poderiam sobreviver a elas.Os guaiaqui apreendem essa grande oposição, segundo a qual funciona sua sociedade, por meio de um sistema de proibições recí-procas: uma proíbe as mulheres de tocarem o arco dos caçadores; outra impede os homens de manipularem o cesto. De um modo geral, os utensílios e instrumentos são sexualmente neutros, se se pode dizer: o homem e a mulher podem utilizá-los indiferentemente; só o arco e o cesto escapam a essa neutralidade. Esse tabu sobre o contato físico com as insígnias mais evidentes do sexo oposto permite evitar assim toda transgressão da ordem sócio-sexual que regulamenta a vida do grupo. Ele é escrupulosamente respeitado e nunca se assiste  à  estranha conjunção de uma mulher e um arco nem àquela, mais que ridícula, de um caçador e um cesto. Os sentimentos. que cada sexo experimenta com relação ao objeto privilegiado do outro são muito diferentes: um caçador não suportaria a vergonha de transportar um cesto, ao passo que sua esposa temeria tocar seu arco. É que o contato da mulher e do arco é muito mais grave que o do homem e do cesto. Se uma mulher pensasse em pegar um arco, ela atrairia, certamente, sobre seu proprietário o pané, quer dizer, o azar na caça, o que seria desastroso para a economia dos guaiaqui. Quanto ao caçador, o que ele vê e recusa no cesto é precisamente a possível ameaça do que ele teme acima de tudo, o pané.  Pois, quando um homem é vítima dessa verdadeira maldição, sendo incapaz de preencher sua função de caçador, perde por isso mesmo a sua própria natureza e a sua substância lhe escapa: obrigado a abandonar um arco doravante inútil, não lhe resta senão renunciar  à sua masculinidade e, trágico e resignado, encarrega-se de um cesto. A dura lei dos guaiaqui não lhe deixa alternativa. Os homens só existem75como caçadores, e eles mantêm a certeza da sua maneira de ser preservado o seu arco do contato da mulher. Inversamente, se um indivíduo não consegue mais realizar-se como caçador, ele deixa ao mesmo tempo de ser um homem: passando do arco para o cesto, metaforicamente ele se torna uma mulher. Com efeito, a conjunção do homem e do arco não se pode romper sem transformar-se na sua inversa e complementar: aquela da mulher e do cesto.Ora, a lógica desse sistema fechado, constituído de quatro termos grupados em dois pares opostos, ficou provada: havia entre os guaiaqui dois homens que carregavam cestos: Um, Chachubutawachugi, era panema. Não possuía arco e a única caça  à qual podia entregar-se de vez em quando era a captura a mão de tatus e quatis: tipo de caça que, embora correntemente praticada por todos os guaiaqui, está bem longe de apresentar a seus olhos a mesma dignidade que  a caça com arco, o jyvondy. Por outro lado, Chachubutawachugi era viúvo; e, como era panema, nenhuma mulher queria saber dele, mesmo que a título de marido secundário. Ele tampouco procurava integrar-se  à família de um de seus parentes: estes teriam julgado indesejável a presença permanente de um homem que agravasse sua incompetência técnica com um excelente apetite. Sem esposa porque sem arco, só lhe restava aceitar sua triste sorte. Nunca acompanhava os outros homens em suas expedições de caça, mas partia, só ou em companhia das mulheres, em busca de larvas, mel ou dos frutos que ele havia antes localizado. E, para poder transportar o produto de sua coleta, munia-se de um cesto que uma mulher lhe havia dado de presente. Como o azar na caça lhe obstruía o acesso às mulheres, ele perdia, ao menos parcialmente, sua qualidade de homem e se achava assim rejeitado no campo simbólico do cesto.O segundo caso é um pouco diferente. Krembégi era na verdade um sodomita. Ele vivia como as mulheres e, à semelhança delas, mantinha em geral os cabelos nitidamente mais longos que os outros homens, e só executava trabalhos femininos: ele sabia "tecer" e fabricava, com os dentes de animais que os caçadores lhe ofereciam, colares que demonstravam um gosto e disposições artísticos muito melhor expressos do que nas obras das mulheres. Enfim, ele era evidentemente proprietário de um cesto. Em suma, Krembégi atestava assim no seio da cultura guaiaqui a existência inesperada de um refinamento habitualmente reservado a sociedades menos rústicas. Esse pederasta incompreensível vivia como uma mulher e havia adotado as atitudes e comportamentos próprios desse sexo. Ele recusava por exemplo tão seguramente o contato de um arco como um caçador o do cesto; ele considerava que seu lugar natural era o mundo das mulheres. Krembégi era homossexual porque era panema. Talvez também seu azar na caça proviesse de ser ele, anteriormente, um invertido inconsciente. Em todo o caso, as con-76fidências de seus companheiros revelavam que a sua homossexualidade se tornara oficial, quer dizer, socialmente reconhecida, quando ficara evidente a sua incapacidade em se servir de um arco: para os próprios guaiaqui ele era um kyrypy-meno (ânus-fazer amor) porque era panema.Os ache mantinham aliás uma atitude muito diferente com rela-ção a cada um dos dois carregadores de cesto que acabamos de evocar. O primeiro, Chachubutawachugi, era objeto de caçoada geral, se bem que desprovida de verdadeira maldade: os homens o desprezavam bastante nitidamente, as mulheres dele riam à socapa, e as crianças tinham por ele um respeito muito menor do que pelos outros adultos. Krembégi ao contrário não despertava nenhuma  atenção especial; consideravam-se evidentes e adquiridas a sua incapacidade como caçador e a sua homossexualidade. De tempos em tempos, certos caçadores faziam dele seu parceiro sexual, manifestando nesses jogos eróticos mais libertinagem —ao que parece — do que perversão. Mas não ocorreu nunca por parte deles qualquer sentimento de desprezo para com ele. Inversamente e se conformando nisso à imagem que deles fazia sua própria sociedade, esses  dois  guaiaqui  se  mostravam  desigualmente  adaptados  ao  seu respectivo estatuto. Krembégi estava tão à vontade, tranqüilo e sereno em seu papel de homem tornado mulher, quanto Chachubutawachugi parecia inquieto, nervoso e freqüentemente descontente. Como se explica essa diferença introduzida pelos ache no tratamento reservado a dois indivíduos que, ao menos no plano formal, eram negativamente idêntidos? É que, ocupando ambos uma mesma posição em relação aos outros homens, uma vez que os dois eram panema, seu estatuto positivo deixaria de  ser  equivalente,  pois  um  deles,  Chachubutawachugi,   embora obrigado a renunciar parcialmente às determinações masculinas, permanecera um homem, enquanto o outro, Krembégi, assumira até as últimas conseqüências   sua  condição   de  homem  não-caçador,   "tornando-se" uma mulher. Ou, em outros termos, Krembégi havia encontrado, por meio de sua homossexualidade, o topos ao qual o destinava logicamente sua incapacidade de ocupar o espaço dos homens; o outro, em compensação, recusando o movimento dessa mesma lógica, estava eliminado do círculo dos homens sem, entretanto, com isso integrar-se ao das mulheres. O que significa dizer que, literalmente, ele não estava em lugar algum, e que sua situação era muito mais incômoda que a de Krembégi. Este último ocupava aos olhos dos ache um lugar definido, embora paradoxal; e desprovida, em certo sentido, de toda ambigüidade, sua posição no grupo resultava normal, mesmo que essa nova norma fosse a das mulheres. Chachubutawachugi, ao contrário, constituía por si mesmo uma espécie de escândalo lógico; não se situando em nenhum lugar nitidamente identificável, ele escapava do sistema e introduzia nele um fator de desordem: o anormal, sob certo ponto de vista,77não era o outro, mas ele. Daí sem dúvida a agressividade secreta dos guaiaqui com relação a ele, que se manifestava por vezes nas caçoadas. Daí também provavelmente as dificuldades psicológicas que ele experimentava e um sentimento agudo de abandono: tão difícil é manter a conjunção de um homem e de um cesto. Chachubutawachugi queria pateticamente permanecer um homem sem ser um caçador: ele se expunha assim ao ridículo e, portanto, às caçoadas, pois era o ponto de contato entre duas regiões normalmente separadas.Pode-se supor que esses dois homens mantivessem ao nível de seu cesto a diferença das relações que tinham com sua masculinidade. De fato, Krembégi carregava seu cesto como as mulheres, isto é, com a tira do suporte sobre a testa. Quanto a Chachubutawachugi, colocava a tira sobre o peito  e nunca sobre a testa. Era claramente uma maneira inconfortável, e muito  mais fatigante do que a  outra, de transportar a cesta; mas era também para ele o único meio de mostrar que, mesmo sem arco, continuava sendo um homem.Central por sua posição e potente em seus efeitos, a grande oposição dos homens e das mulheres impõe então sua marca a todos os aspectos da vida dos guaiaqui. Também é ela que funda a diferença entre o canto dos homens e o das mulheres. O  prerã  masculino e o chengaruvara  feminino se opõem totalmente por seu estilo e por seu conteúdo; eles exprimem dois modos de existência, duas presenças no mundo, dois sistemas de valores bem diferentes uns dos outros. Dificilmente aliás pode-se falar de canto a propósito das mulheres; trata-se em realidade de uma "saudação chorosa" generalizada; mesmo quando não saúdam ritualmente um estrangeiro ou um parente há muito tempo ausente,  as mulheres "cantam" chorando. Num tom queixoso, mas com uma voz forte, agachadas e com o rosto escondido nas mãos, elas pontuam cada frase de sua melopéia com soluços estridentes. Freqüentemente as mulheres cantam todas juntas e o alarido de seus gemidos conjugados exerce sobre o ouvinte desprevenido uma impressão de mal-estar. Ficamos tanto mais surpresos ao ver, depois de tudo terminado, o rosto tranqüilo das chorosas e olhos perfeitamente secos. Convém por outro lado frisar que o canto das mulheres intervém sempre em circunstâncias rituais: seja durante as principais cerimônias da sociedade guaiaqui, seja no decorrer das múltiplas ocasiões propiciadas pela vida quotidiana. Por exemplo, quando um caçador traz para o acampamento algum animal, uma mulher  o "saúda" chorando, pois ele evoca um determinado parente desaperecido; ou, ainda, quando uma criança se fere brincando, sua mãe logo entoa uma  chengaruvara  de modo exatamente semelhante a todas as outras. O canto das mulheres, ao contrário do que se poderia esperar, jamais é alegre. Os temas são sempre a morte, a doença, a violência dos brancos; as mulheres assumem assim na tristeza de seu canto toda a infelicidade e toda a angústia dos ache.78O contraste que ele forma com o canto dos homens é sensível. Parece haver entre os guaiaqui como que uma divisão sexual do trabalho lingüístico segundo a qual todos os aspectos negativos da existência são assumidos pelas mulheres, ao passo que os homens se dedicam sobretudo a celebrar se não os seus prazeres, pelo menos os valores que a tornam suportável. Enquanto nos seus próprios gestos a mulher se esconde e parece humilhar-se para cantar ou antes para chorar, o caçador, ao contrário, cabeça erguida e corpo ereto, se exalta no seu canto. A voz é poderosa, quase brutal, simulando às vezes irritação. Na extrema virilidade que o caçador investe em seu canto se afirmam uma total certeza de si, um acordo consigo mesmo que nada pode desmentir. A linguagem do canto masculno é aliás extremamente deformada. Na medida em que sua improvisação se torna mais fácil e mais rica e em que as palavras jorram por si mesmas, o caçador lhes impõe uma transformação tal que, logo, se acreditaria escutar uma outra língua: para um não-aché, esses cantos são rigorosamente incompreensíveis. Quanto  à sua  temática, ela consiste essencialmente numa louvação enfática que o caçador endereça a si mesmo. O conteúdo do discurso é com efeito estritamente pessoal e tudo se diz na primeira pessoa. O homem fala quase que exclusivamente sobre suas aventuras de caçador, sobre os animais que encontrou, as feridas que recebeu, sua habilidade em manejar a flecha.  Leitmotiv  indefinidamente repetido, ouve-se proclamar de modo quase obsessivo:  cho rõ bretete, cho rõ jyvondy, cho rõ yma wachu, yma chija:  "Eu sou um grande caçador, eu costumo matar com minhas flechas, eu sou uma natureza poderosa, uma natureza irritada e agressiva!" E freqüentemente, como para marcar melhor a que ponto sua glória é indiscutível, ele pontua a frase prolongando-a com um vigoroso Cho, cho, cho: "Eu, eu, eu."2A diferença dos cantos traduz admiravelmente a oposição dos sexos. O canto das mulheres é uma lamentação mais freqüentemente coral, ouvida apenas durante o dia; o dos homens ocorre quase sempre durante a noite, e, se suas vozes por vezes simultâneas podem dar a impressão de um coro, é uma falsa aparência, já que cada caçador é de fato um solista. Além disso, o chengaruvara feminino parece consistir em fórmulas mecanicamente repetidas, adaptadas às diversas circunstâncias rituais. Ao contrário, o  prera  dos caçadores só depende do seu humor e só se organiza em função da sua individualidade; é uma pura improvisação pessoal que autoriza, por outro lado, a procura de efeitos artísticos no jogo da voz. Essa determinação coletiva do  canto das mulheres, individual do canto dos homens, nos remete assim à oposição da qual partimos: único elemento realmente "produtivo" da sociedade guaiaqui, o caçador tem no plano da linguagem uma liberdade de criação que a situação de "grupo consumidor" proíbe às mulheres.Ora, essa liberdade que os homens vivem e dizem enquanto caçadores não se refere somente à natureza da relação que como grupos os79liga às mulheres e delas os separa. Pois, através do canto dos homens, se descobre, secreta, uma outra oposição, não menos potente que a primeira mas inconsciente:  aquela dos caçadores entre eles.  E para melhor escutar seu canto e compreender o que realmente se diz, nos é necessário voltar ainda  à  etnologia dos guaiaqui e às dimensões fundamentais da sua cultura.Existe para o caçador ache um tabu alimentar que formalmente o proíbe de consumir a carne de suas próprias presas:  bai jyvombré  ja uéméré:  "Os animais que matamos não devem ser comidos por nós mesmos". De modo que, quando um homem chega ao acampamento, divide o produto de sua caça entre sua família (mulher e filhos) e os outros membros do bando; naturalmente, ele não provará a carne preparada por sua esposa. Ora, como vimos, a caça ocupa o lugar mais importante na alimentação guaiaqui. Disso resulta que cada homem passa sua vida caçando para os outros e recebendo deles sua própria alimentação. Essa proibição é estritamente respeitada mesmo pelos rapazes não-iniciados, quando matam pássaros. Uma de suas conseqüências mais importantes é que ela impede ipso facto  a  dispersão dos índios em famílias elementares: o homem morreria de fome, a menos que renunciasse ao tabu. É preciso portanto se deslocar em grupo. Os guaiaqui, para explicar essa atitude, afirmam que comer os animais abatidos por eles próprios é a forma mais segura de atrair o pané. Esse temor maior dos caçadores basta para impor o respeito da proibição que ela funda: se se deseja continuar a matar animais, é necessário não comê-los. A teoria indígena apóia-se simplesmente na idéia de que a conjunção entre o caçador e os animais mortos, no plano do consumo, implicaria uma disjunção entre o caçador e os animais vivos, no plano da "produção". Ela tem portanto um alcance explícito sobretudo negativo, uma vez que se resume na interdição dessa conjunção.Na realidade, essa proibição alimentar possui também um valor positivo, já que opera como um princípio estruturante que funda como tal a sociedade guaiaqui. Estabelecendo uma relação negativa entre cada caçador e o produto de sua caça, ela coloca  todos ós homens na mesma posição, uns com relação aos outros, e a reciprocidade do dom de alimentação se mostra a partir daí não apenas possível, mas necessária: todo caçador é ao mesmo tempo doador e recebedor de carne. O tabu sobre a caça aparece então como o ato fundador da troca de alimentação entre os guaiaqui, isto é, como um fundamento da sua própria sociedade. Outras tribos conhecem sem dúvida esse mesmo tabu. Mas ele se reveste, entre os ache, de uma importância particularmente grande pelo fato de  que remete justamente  à sua  fonte principal de alimentação. Obrigando o indivíduo a se separar de sua caça, ele o obriga a confiar nos outros, permitindo assim que o laço social se ligue de maneira definitiva; a interdependência dos caçadores garante80a solidez e a permanência desse laço e a sociedade ganha em força o que os indivíduos perdem em autonomia. A disjunção do caçador e de sua caça funda a conjunção dos caçadores entre si, isto é, o contrato que rege a sociedade guaiaqui. E mais, a  disjunção no plano do consumo entre caçadores e animais mortos assegura, protegendo aqueles do pané, a repetição futura da conjunção entre caçadores e animais vivos, ou seja, o sucesso da caça e portanto a sobrevivência da sociedade.Rejeitando do lado da Natureza o  contato direto entre o caçador e sua própria caça, o tabu alimentar se situa no coração mesmo da cultura: entre o caçador e seu alimento, ele impõe a mediação dos outros caçadores. Vemos assim a troca da caça, que circunscreve em grande parte nos guaiaqui o plano da vida econômica, transformar, por seu caráter obrigatório, cada caçador individual em uma relação. Entre o caçador e seu "produto" abre-se o espaço perigoso da proibição e da transgressão; o medo do  pané funda a troca, privando o caçador de todo direito sobre sua caça: esse direito só se exerce sobre a dos outros. Ora, é impressionante constatar que essa mesma estrutura relacionai, pela qual se definem rigorosamente os homens no nível da circulação dos bens se repete no plano das instituições matrimoniais.Desde o começo do século  XVII,  os primeiros missionários jesuítas tentaram em vão entrar em contato com os guaiaqui. Puderam entretanto recolher numerosas informações sobre essa misteriosa tribo e aprenderam, muito surpresos, que ao contrário do que se passava entre os outros selvagens existia entre os guaiaqui um excesso de homens em relação ao número de mulheres. Eles não estavam enganados, pois, quase 400 anos depois, pudemos observar o mesmo desequilíbrio do sex  ratio:  em um dos dois grupos meridionais, por exemplo, existia exatamente uma mulher para dois homens. Não é necessário estudar aqui as causas dessa anomalia,3mas é importante examinar suas conseqüências. Qualquer que seja o tipo de casamento preferido por uma sociedade, há quase sempre um número mais ou menos equivalente de esposas e de maridos potenciais. A sociedade guaiaqui podia escolher entre várias soluções para igualar esses dois números. Uma vez que era impossível a solução-suicida, que consistia em renunciar  à  proibição do incesto, ela poderia inicialmente admitir o assassinato dos recém-nascidos de sexo masculino. Mas toda criança macho é um futuro caçador, isto é, um membro essencial da comunidade: teria sido então contraditório desembaraçar-se dela. Podia-se também aceitar a existência de um número relativamente importante de celibatários; mas essa escolha era ainda mais arriscada que a precedente, pois, em sociedades tão reduzidas demograficamente, não existe nada mais perigoso para o equilíbrio do grupo que um celibatario. Ao invés de diminuir artificialmente o número de esposos possíveis, não restava senão  aumentar, para cada mulher, o número de maridos reais, isto é, instituir um sistema de casamento81poliândrico. E de  fato todo excedente  de  homens  é  absorvido  pelas mulheres sob a forma de maridos secundários, de jepetyva, que ocuparão ao lado da esposa comum um lugar quase tão invejável como o do imété ou marido principal.A sociedade guaiaqui soube portanto se preservar de um perigo mortal, adaptando a família  conjugal a  essa demografia completamente desequilibrada. O que resulta disso, do ponto de vista dos homens? Praticamente, nenhum deles pode conjugar, se se pode dizer, sua mulher no singular, uma vez que não é o único marido e que a divide com um e às vezes até  dois outros homens. Poderíamos pensar que, por ser a norma da cultura na e pela qual se determinam, os homens não são afetados por essa situação e não reagem, diante dela de maneira especialmente forte. Na realidade, a relação entre a cultura e os indivíduos que nela vivem não é mecânica, e os maridos guaiaquis, mesmo aceitando a única solução possível ao problema que lhes foi apresentado, não ficam conformados diante dele. Os lares poliândricos têm sem dúvida uma existência tranqüila e os três termos do triângulo conjugai vivem em bom entendimento. Isso não impede que, quase sempre, os homens tenham em segredo — pois entre eles nunca falam sobre isso — sentimentos de irritação, por vezes de agressividade com relação ao co-proprietário de sua esposa. Durante nossa estada entre os guaiaqui, uma mulher casada teve um caso amoroso com um jovem solteiro. Furioso, o marido inicialmente bateu no rival; depois, diante da insistência e da chantagem de sua mulher, acabou concordando em legalizar a situação, deixando o amante clandestino se tornar o marido secundário oficial de sua esposa. Aliás, ele não tinha escolha; se recusasse esse arranjo, sua mulher talvez o tivesse abandonado, condenando-o assim ao celibato, pois não existia na tribo nenhuma outra mulher disponível. Por outro lado, a pressão do grupo, cioso de eliminar todo fator de desordem, cedo ou tarde o teria obrigado a se conformar a uma instituição precisamente destinada a resolver esse tipo de problema. Ele resignou-se então a dividir sua mulher com outro, embora  a contragosto. Mais ou menos na mesma época morreu o esposo secundário de uma outra mulher. As relações deste com o marido principal tinham sempre sido boas: se não eram marcadas por uma extrema cordialidade, eram pelo menos extremamente polidas. Mas o  imété sobrevivente não demonstrou, no entanto, uma tristeza excessiva ao ver  desaparecer o japetyva. Ele não dissimulou sua satisfação: "Eu estou contente", diz ele "agora sou o único marido de minha mulher".Os exemplos poderiam multiplicar-se. Os dois casos que acabamos de evocar bastam entretanto para mostrar que, muito embora os homens guaiaquis aceitem a poliandria, estão longe de se sentir  à vontade. Existe uma espécie de "defasagem" entre essa instituição matrimonial que protege — eficazmente — a integridade do grupo4e os82indivíduos que ela envolve. Os homens aprovam a poliandria porque ela é necessária em virtude do déficit de mulheres, mas suportam-na como uma obrigação muito desagradável. Numerosos maridos guaiaquis têm de dividir sua mulher com um outro homem, e quanto àqueles que exercem sozinhos seus direitos conjugais, arriscam-se a ver a qualquer momento esse monopólio raro e frágil suprimido pela concorrência de um celibatário ou de um viúvo. As esposas guaiaquis têm por conseguinte um papel mediador entre os doadores e os tomadores de mulheres,  e também  entre os próprios tomadores. A troca pela qual um homem dá a outro sua filha ou irmã não faz com que termine aí —com licença da expressão — a circulação dessa mulher: o recebedor dessa "mensagem" deverá num prazo mais ou menos longo dividir a "leitura" com um outro homem. A troca das mulheres é em si mesma criadora de aliança entre famílias; mas a poliandria, sob sua forma guaiaqui, acaba de sobrepor-se  à  troca das mulheres para preencher uma função bem determinada: ela permite preservar como cultura a vida social a que chega o grupo mediante a troca das mulheres. No limite, o casamento entre os guaiaqui só pode ser poliândrico, uma vez que apenas sob essa forma ele adquire o  valor e o alcance de uma instituição que cria e mantém a cada instante a sociedade como tal. Se os guaiaqui rejeitassem a poliandria, sua sociedade não sobreviveria; não podendo, por causa de sua fraqueza numérica, obter mulheres atacando outras tribos, eles se veriam colocados diante da perspectiva de uma guerra civil entre solteiros e possuidores de mulheres, isto é, diante de um suicídio coletivo da tribo. A poliandria elimina assim a oposição suscitada entre os desejos dos homens pela raridade dos bens que são as mulheres.É então uma espécie de razão de Estado que faz com que os maridos guaiaquis aceitem a poliandria. Cada um deles renuncia ao uso exclusivo de sua esposa em proveito de um solteiro qualquer da tribo, a fim de que esta possa subsistir como unidade social. Alienando a metade de seus direitos matrimoniais, os maridos ache tornam possíveis a vida em comum e a sobrevivência da sociedade. Mas isso não impede, como as narrativas acima evocadas o mostram, sentimentos latentes de frustração e descontentamento: aceita-se no final das contas partilhar sua mulher com outro homem porque não há outro jeito, mas com um evidente mau humor. Todo homem guaiaqui é, potencialmente, um tomador e um doador de esposa, pois, muito antes de compensar a mulher que  ele terá recebido pela filha que ela lhe dará, ele deverá oferecer a outro homem sua própria esposa sem que se estabeleça uma reciprocidade impossível: antes de dar a filha, é preciso dar também a mãe. Isso significa que, entre os guaiaqui, um homem só é um marido se aceitar sê-lo pela metade, e a superioridade do marido principal sobre o marido secundário em nada modifica o fato de que o primeiro deve83levar em conta os direitos do segundo. Não é entre cunhados que as relações pessoais são as mais marcadas, mas entre os maridos de uma mesma mulher, e, o mais das vezes, como vimos, de maneira negativa.Pode-se descobrir agora uma analogia de estrutura entre a relação do caçador com sua caça e a do marido com sua esposa? Constata-se inicialmente que, em relação ao homem como caçador  e como esposo, os animais e as mulheres ocupam um lugar equivalente. Em um caso, o homem se vê radicalmente separado do produto de sua caça, uma vez que não deve consumi-la; no outro, ele não é nunca completamente marido, mas, na melhor das hipóteses, um semimarido: entre um homem e sua mulher vem interpor-se o terceiro termo: o marido secundário. Assim como um homem, para se alimentar, depende da caça realizada pelos outros, assim um marido, para "consumir" sua esposa,5depende do outro esposo, cujos desejos, sob pena de tornar a coexistência impossível, deve também respeitar. O sistema poliândrico limita, pois, duplamente os direitos matrimoniais de cada marido: ao nível dos homens que, com licença da expressão, se neutralizam uns aos outros, e ao nível da mulher que, sabendo muito bem tirar  partido dessa situação, não deixa de dividir seus maridos para melhor reinar sobre eles.Conseqüentemente, de um ponto de vista formal, a caça é para o caçador o que a mulher é para o marido, pelo fato de que uma e outra mantêm com o homem uma relação apenas mediatizada: .para cada caçador guaiaqui, a relação com o alimento animal e com as  mulheres passa pelos outros homens. As circunstâncias muito particulares de sua vida obrigam os guaiaqui  a dotarem a troca  e a  reciprocidade de um coeficiente de rigor muito mais forte que em outros lugares, e as exigências dessa hipertroca são bastante esmagadoras  para surgir na consciência dos índios e suscitar às vezes conflitos ocasionados  pela necessidade da poliandria. É preciso com efeito frisar que, para os índios, a obrigação de dar a caça não é absolutamente vivida como tal, ao passo que a de dividir esposa é experimentada como alienação. Mas, é essa identidade  formal  da dupla relação caçador-caça, marido-esposa que devemos reter aqui. O tabu alimentar e o déficit de mulheres exercem, cada um em seu plano próprio, funções paralelas: garantir a existência da sociedade pela interdependência dos caçadores, assegurar sua permanência pela divisão de mulheres. Positivas por criarem e recriarem a cada instante a própria estrutura social, essas funções se duplicam também de uma dimensão negativa por introduzirem, entre o homem por um lado e, por outro, sua caça e sua mulher, toda a distância que virá precisamente habitar o social. Aqui se determina a relação estrutural do homem com a essência do grupo, isto é, com a troca. Com efeito, a doação da caça e a partilha das esposas remete respectivamente a dois dos três suportes fundamentais sobre os quais repousa o edifício da cultura: a troca dos bens e a troca das mulheres.84Essa relação dupla e idêntica dos homens com a sua sociedade, mesmo que nunca surja em sua consciência, não é entretanto inerte. Ao contrário, mais ativa ainda por subsistir inconsciente, é ela que define a relação singular dos caçadores com a terceira ordem de realidade na qual e pela qual a sociedade existe: a linguagem como troca de mensagens. Pois, em seu canto, os homens exprimem ao mesmo tempo o saber impensado de seu destino de caçadores e esposos e o protesto contra esse destino. Assim se ordena a figura completa da tripla ligação dos homens com a troca: o caçador individual nela ocupa o centro, ao passo que o simbolismo dos bens, das mulheres e das palavras traça a sua periferia. Mas enquanto a relação do homem com a caça e com as mulheres consiste em uma disjunção que funda a sociedade, sua relação com a linguagem se condensa no canto em uma conjunção bastante radical para negar justamente a função de comunicação da linguagem e, ainda mais, a própria troca. Conseqüentemente, o canto dos caçadores ocupa uma posição simétrica e inversa  à do tabu alimentar e da poliandria, dos quais ele marca, por sua forma e por seu conteúdo, que os homens querem negá-los como caçadores e como maridos.Lembramo-nos com efeito de que o conteúdo dos cantos masculinos é eminentemente pessoal, sempre articulado à primeira pessoa e estritamente consagrado ao louvor do cantor enquanto bom caçador. Por que é assim? O canto dos homens, se é seguramente linguagem, já não é mais entretanto a linguagem corrente da vida quotidiana, o que permite a troca dos grupos lingüísticos. Ele é mesmo o oposto. Se falar é emitir uma mensagem destinada a um recebedor, então o canto dos homens ache se situa fora da linguagem. Pois quem escuta o canto de um caçador, além do próprio cantor, e a quem se destina a mensagem senão àquele mesmo que a emite? Ele mesmo objeto e sujeito de seu canto, o caçador dedica apenas a si mesmo o recitativo lírico. Prisioneiro de uma troca que os determina apenas como elementos de um sistema, os guaiaqui aspiram a se libertar de suas exigências, mas sem poderem recusá-lo no próprio plano em que o realizam e o sofrem. Como, a partir de então, separar os termos sem quebrar as relações? Só se oferecia o recurso à linguagem. Os caçadores guaiaquis encontraram em seu canto o truque inocente e profundo que lhes permite recusar no plano  da linguagem a troca que eles não podem abolir naquele dos bens e das mulheres.Não é certamente em vão que os homens escolhem para hino de sua liberdade o solo noturno de seu canto. Apenas ali pode articular-se uma experiência sem a qual eles talvez não pudessem suportar a tensão permanente que as necessidades da vida social impõem  à sua  vida quotidiana. O canto do caçador, essa endolinguagem, é assim para ele o momento de seu verdadeiro repouso no qual se vem abrigar a liberdade de sua solidão. Eis por que, caída a noite, cada homem toma posse do prestigioso reino, reservado exclusivamente a ele, onde pode enfim, re-85conciliado consigo mesmo, sonhar nas palavras o impossível  "tête-à-tête com sua própria pessoa". Mas os cantores ache, poetas nus e selvagens que dão à sua linguagem uma nova santidade, não sabem que o fato de todos dominarem uma igual magia das palavras — não são seus cantos simultâneos a mesma canção emocionante e ingênua de seu próprio gesto? — dissipa então para cada um a esperança de conseguir sua diferença. Aliás, o que lhes importa? Eles cantam, segundo dizem, ury vwa,  "para ficarem contentes". E se repetem assim, ao longo das horas, estes desafios cem vezes declamados: "Eu sou um grande caçador, eu mato muito com minhas flechas, eu sou uma natureza forte." Mas eles são lançados para não serem notados, e, se seu canto dá ao caçador o orgulho de uma vitória, é porque ele quer o esquecimento de todo combate. Precisemos que não é nossa intenção sugerir aqui nenhuma biologia da cultura; a vida social não é a vida e a troca não é uma luta. A observação de uma sociedade primitiva mostra-nos o contrário; se a troca como essência do social pode assumir a forma dramática de uma competição entre aqueles que trocam, esta está condenada a permanecer estática, pois a permanência do "contrato social" exige que não haja nem vencedor nem vencido e que os ganhos e as perdas se equilibrem constantemente para cada um. Poder-se-ia dizer, em resumo, que a vida social é um "combate" que exclui toda vitória e que, inversamente, quando se pode falar de "vitória", é que se está fora de todo combate, isto é, fora da vida social. Finalmente, o que os cantos dos índios guaiaquis nos lembram é que não se pode ganhar em todos os planos, que não se pode deixar de respeitar as regras do jogo social, e que a fascinação de não participar dele conduz a uma grande ilusão.Por sua natureza e função, esses cantos ilustram de modo exemplar a relação geral do homem com a linguagem, tema sobre o qual essas vozes longínquas nos convidam a meditar. Elas nos convidam a tomar um caminho já quase apagado, e o pensamento dos selvagens, por repousar numa linguagem ainda primeira, se dirige somente ao pensamento. Vimos na verdade que, além do contentamento, o canto proporciona aos caçadores — e sem que eles saibam — o meio de escapar à vida social recusando a troca que a funda. O mesmo movimento pelo qual ele se separa do homem social que é leva o caçador a se saber e a se dizer enquanto individualidade concreta absolutamente fechada sobre si. O mesmo homem existe, portanto, como pura relação no plano da troca de bens e de mulheres e como  manada, se se pode dizer, no plano da linguagem. É pelo canto que ele chega à consciência de si mesmo como Eu  e ao uso desde então legítimo desse pronome pessoal. O homem existe para si em e por seu canto, ele mesmo é o seu próprio canto: eu canto, logo existo. Ora, é evidente que se a linguagem, sob a forma do canto, se designa ao homem como o lugar verdadeiro de seu ser, não se trata mais da linguagem como arquétipo da troca, uma vez que é86precisamente disso que se quer liberar. Em outros termos, o próprio modelo do universo da comunicação é também o meio de escapar dele. Uma palavra pode ser ao mesmo tempo uma mensagem trocada e a negação de toda mensagem, ela pode se pronunciar como signo e como o contrário de um signo. O canto dos guaiaqui nos remete então a uma natureza dupla e essencial da linguagem que se manifesta ora em sua função aberta de comunicação, ora em sua função fechada de constitui-ção de um Ego: essa capacidade da linguagem de exercer funções inversas repousa sobre a possibilidade de seu desdobramento em signo e valor.Longe de ser inocente como uma distração ou uma simples recrea-ção, o canto dos caçadores guaiaquis mostra a vigorosa intenção que o anima a escapar da sujeição do homem à rede geral dos signos (da qual as palavras são aqui apenas a metáfora privilegiada) por uma agressão contra a linguagem sob a forma de uma transgressão de sua função. O que se torna uma palavra quando cessamos de utilizá-la como um meio de comunicação, quando ela é desviada de seu fim "natural", que é a relação com o Outro? Separadas de sua natureza de signos, as palavras não se destinam a nenhuma escuta, são elas mesmas seu próprio fim, e, para quem as pronuncia, se convertem em valores. Por outro lado, transformando-se de sistema de signos móveis entre emissores e receptores em pura posição de valor para um Ego, a linguagem não deixa no entanto de ser o lugar do sentido: o metassocial não é absolutamente o infra-individual, o canto solitário do caçador não é o discurso de um louco e suas palavras não são gestos. O sentido subsiste, desprovido de toda mensagem, e é em sua permanência absoluta que repousa o valer da palavra como valor. A linguagem pode não ser mais a linguagem sem por isso se anular no que não tem sentido, e cada um pode compreender o canto dos ache, embora de fato nele nada se diga. Ou antes, o que ele nos convida a escutar é que falar não é sempre  colocar o outro em jogo, que a linguagem pode ser manejada por si mesma e que ela não se reduz  à função que exerce: o canto guaiaqui  é a reflexão em si da linguagem, abolindo o universo social dos signos  para dar lugar  à eclosão do sentido como valor absoluto. Não há portanto paradoxo no fato de que o mais inconsciente e o mais coletivo  do homem — a sua linguagem  — possa ser também a consciência  mais  transparente e a dimensão mais liberada.  Â disjunção da palavra e do signo no canto responde a disjunção do homem e do social para o cantor, e a conversão do sentido em valor é a de um indivíduo em sujeito de sua solidão.O homem é um animal político, a sociedade não équivale à soma de seus indivíduos, e a diferença entre a edição que ela não é e o sistema que a define consiste na troca e na reciprocidade pelas quais os homens se ligam. Seria inútil lembrar essas trivialidades se não quisésse-87mos frisar  que se  indica o contrário. A saber, precisamente, que se o homem é um "animal doente" é porque ele não é apenas um "animal político", e que da sua inquietude nasce o grande desejo que o habita: o de escapar a uma necessidade apenas vivida como destino e de rejeitar a obrigação da troca, o de recusar seu ser social para se libertar de sua  condição.  Pois é exatamente no fato de se saberem os homens atravessados e levados pela realidade do social que se originam o desejo de não se reduzir a ele e a nostalgia de evadir-se dele. A audição atenta do canto de alguns selvagens nos ensina que em verdade se trata de um canto geral e que nele é despertado o sonho universal de não mais sermos o que somos.Situado no próprio âmago da condição humana, o desejo de aboli-la se realiza apenas como um sonho que se pode traduzir de múltiplas maneiras, ora como um mito, ora, como entre os guaiaqui, como um canto. Talvez o canto dos caçadores ache não seja senão seu mito individual. Em todo o caso, o desejo secreto dos homens demonstra sua impossibilidade pelo fato de que só podem sonhá-lo, e é  apenas no espaço da linguagem que ele se vem realizar. Ora, essa vizinhança entre sonho e palavra, se marca o fracasso dos homens em renunciar ao que eles são, significa ao mesmo tempo o triunfo da linguagem. Apenas ela na verdade pode preencher a dupla missão de reunir os homens e de quebrar os laços que os unem. Possibilidade única para eles de transcender sua condição, a linguagem coloca-se então como seu mais-além e as palavras ditas pelo que valem são a terra natal dos deuses.Apesar das aparências, é ainda o canto dos guaiaqui que escutamos. Se chegamos a duvidar disso, não será justamente porque nãc compreendemos mais a linguagem? Sem dúvida, não se trata mais aqui de tradução. No final das contas, o canto dos caçadores ache nos designa um certo parentesco entre o homem e sua linguagem: mais precisamente um parentesco tal que parece subsistir apenas no homem primitivo. Isso eqüivale a dizer que, bem distante de todo exotismo, o discurso ingênuo dos selvagens nos obriga a considerar o que poetas e pensadores são os únicos a não esquecer: que a linguagem não é um simples instrumento, que o homem pode caminhar com ela, e que o Ocidente moderno perde o sentido de seu valor pelo excesso de uso a que a submete. A linguagem do homem civilizado tornou-se completamente exterior a ele, pois é para ele apenas um puro meio de comunicação e informação. A qualidade do sentido e a quantidade dos signos variam em sentido inverso. As culturas primitivas, ao contrário, mais preocupadas em celebrar a linguagem do que em servir-se dela, souberam manter com ela essa relação interior que é já em si mesma aliança com o sagrado. Não há, para o homem primitivo, linguagem poética, pois sua linguagem já é, em si mesma, um poema natural em que repousa o valor  das palavras. E se falamos do canto dos guaiaqui como de uma agressão à linguagem, é antes como o abrigo que a protege que devemos88doravante ouvi-la. Mas será que se pode ainda escutar a lição demasiado forte de miseráveis selvagens errantes sobre o bom uso da linguagem? Assim vão os índios guaiaquis: de dia andam juntos através da floresta, homens e mulheres, o arco na frente, o cesto atrás. A vinda  da noite os separa, cada um dedicado a seu sonho. As mulheres dormem  e os caçadores cantam às vezes, solitários. Pagãos e bárbaros, apenas  a morte os salva do resto.6NOTAS1. Ache: autodenominação dos guaiaqui.2. Como se poderia esperar, os dois homens panema de que tratamos mantinham em relação ao canto uma atitude bem diferente;Chachubutawachugi só cantava por ocasião de certas cerimôniasa que estava diretamente ligado, como, por exemplo, o nascimentode uma criança. Krembégi jamais cantava.3. Pierre Clastres, Chronique des Indiens Guayak, Paris, Pion, 1972.4. Uma dezena de anos antes uma cisão havia dividido a tribo dosache gatu. A esposa do chefe mantinha relações culposas com umjovem. O marido, muito irritado, se separara do grupo levandoconsigo uma parte dos guaiaqui. Ele chegou a ameaçar massacrarcom flechadas aqueles que não o seguissem. Apenas ao fim dealguns meses foi que o medo de perder sua mulher e a pressãocoletiva dos aché-gatu o levaram a reconhecer o amante de suamulher como seu japétyva.5. Não se trata de um jogo de palavras: em guaiaqui um mesmo verbodesigna a ação de alimentar-se e a de fazer amor (tyku).6. Estudo inicialmente publicado em L'Homme VI (2), 1966.

QUAL O PAPEL DAS TICS PARA A EDUCAÇÃO BIMODAL????????????


QUAL O PAPEL DA TICS PARA A EDUCAÇÃO???????????
ROSANA PONTES

Sua funçao e vista como potencializadora de ensino e aprendizagem,alem disso a tecnologia traz meios de maior desenvolvimento,comunicaçao entre todos os alunos e pessoas ,sendo elas especiais ou nao.e tambem um avanço extremo na eduçao a distancia,com a criaçao de ambientes virtuais de aprendizagem,os alunos tem grande possibilidade de se relacionar,trocando todas as informaçoes e experiencias com relaçao ao assunto.contando tambem com as imensas oportunidades de trabalho em grupo,debates,foruns,entre outras formas de tornar tudo isso muito mais significativo.As tecnologias tem a funçao de grande relevancia,auxiliam na mediaçao pedagogica, aumentam a interatividade entre aluno e professor, levando um mundo de conhecimento para dentro da sala de aula, atraves de varias formas ,pricipalmente a internet que vem se desenvolvendo muito rapidamente. Mesmo sabendo que a tecnologia é algo bom, algo que veio pra trazer facilidade para o aprendizado, ainda existem muitas barreiras em sua aceitação. Ainda temos muito medo do moderno do tecnológico, temos que vencer o medo para podermos experimentar a tecnologia. Hoje em praticamente tudo que vamos fazer encontramos tecnologia. A maior parte das  escolas, faculdades, hoje nos preparam para essa realidade, tudo é informatizado. A tecnologia educacional pode ser considerada uma área de estudo que contribui para o desenvolvimento da educação como um todo, que deve estar de acordo com os objetivos definidos no plano pedagógico escolar e com as propostas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ela visa propiciar aos alunos e professores mais um ambiente onde a aprendizagem pode ser estimulada através da união dos recursos da tecnologia com os objetivos particulares de cada disciplina ou visando o desenvolvimento de projetos interdisciplinares e cooperativos.  A tecnologia veio para ampliar , facilitar e direcionar  a busca pelo conhecimento, levando aos estudantes oportunidades únicas de interação global potencializando desse modo a troca de impressões e experiências, enriquecendo ainda mais os conteúdos e fazendo com que as aulas se tornem parte integral da vida dos alunos e não somente um instante que se perde com o passar dos dias.Não é à toa que a introdução das novas tecnologias digitais na educação apresentou mudanças para a dinâmica social,cultural e tecnologica. A contribuição de novas tecnologias contribui para o desenvolvimento estudantil dando motivação, aumento de conhecimentos,interagindo com instrumentos de grande aprendizagem mundial. A utilização e aplicação das tecnologias no setor educacional estar cada vez mais frequentes e evidentes.Com essas evoluções teremos que habituar, com varias mudanças tecnologicas . Com a consolidação da internet, a Educação a Distancia (EaD) passou a ser uma alternativa interessante de ensino, quebrando inclusive com inúmeros paradigmas, antes postos e considerados como intocáveis na educação. Um dos principais papeis da tecnologia na educação é deixar que o aluno tenha total acesso as informações, que possam buscar, ter mais contato com o professor fora dos centros educacionais. Com a evolução tecnológica presente no nosso cotidiano, nos trazendo algumas comodidades,na educação não poderia ser diferente,alguns educadores já perceberam que o ensino tradicional,não atende mais as suas necessidades e nem as dos alunos,no entanto, tem que haver uma menção para que se possa acompanhar essas mudanças, buscando ferramentas necessárias para o seu aprimoramento,como também na construção do saber do aluno, beneficiando-se disso suas aulas ficam atrativas e interessante para os educandos.  Breve a educação não será algo tão obrigatório de mesmo clichê, onde o professor ensina,  em sala de aula com o quadro, passa trabalhos e nos avalia. Creio que sera algo mais virtual. Onde talvez nem precisamos sair de casa, com o avanço rápido da tecnologia. Pois, se percebemos já existe esse ensino onde não precisamos ir para escola todos os dias (EaD), tudo acontece virtualmente. Tornando assim algo mais fácil e interessante para o professor e também para o aluno. As tecnologias da informação devem estar presentes não apenas na educação, mas em outras esferas da vida humana. Não é a tecnologia que determina a sociedade; a sociedade é que escreve o curso da transformação tecnológica, uma vez que o processo de descoberta científica possibilita à sociedade entender diferentes representações implícitas nas ferramentas tecnológicas (Castells, 1999). Com o avanço tecnológico e professores qualificados, que fará um processo de inclusão social a esses alunos.O ensino fica fácil e muito mais interessante para o discente que por sua vez saíram da rotina escolar, onde até então só era professor, quadro e giz. Com a tecnologia, as aulas são mais atrativas, e os alunos mais questionadores, dessa forma estão sendo preparados para o mundo,que cada dia está mais informatizado. A questão-chave da implantação de novas tecnologias de suporte à educação é fazer com que o aluno tenha interesse e motivação para buscar a informação desejada, transformando assim o paradigma tradicional da educação. O computador, por si, não atende ao objetivo de formar o "homem social" com que sonha a humanidade, o que formará o homem é a maneira como ele utilizará a máquina. A criatividade do estudante o conduzirá a soluções fascinantes e compensadoras para os desafios que ele definir para si mesmo.Todo ser humano tem direito de a uma boa educação,e todos mereçem uma educação de qualidade.. Com isso, o crescimento educacional aumenta, possibiliatando ao aluno enxergar as diversas dificuldade a sua volta. A Tecnologia proporciona aspectos que o individuo (aluno) jamais saberia entender, fazendo com que sua habiliadades e criatividades sejão exploradas. O avanço da tecnologia está ligado ao crescimento também da mente, onde se alimenta diversas imaginações, inclusive de como lidar com tanta modernidade. A sociedade, de um modo geral, vem se transformando vertiginosamente em todos os sentidos e grande parte dessas transformações podemos delegar ao cresente avanço das tecnologias de um modo geral e, em especial, ás Tecnologias de Comunicação e Informação. O papel da tecnologia na  sociedade e de extrema importancia para o avanço no meio educacional. Com a consolidação da informatica para o ensino a distancia, contribuindo com os educadores, a adoção das tecnologias vem se tornando de extrema importancia em salas de aula. O Brasil precisa melhorar a competência dos professores em utilizar as tecnologias de comunicaçao e informaçao na educação. A tecnologia tem um papel importante nas escolas.e umma forma de valorizar o processo de ensino aprendizagem nos dias atuais, eum dos meios que qualifica a prosposta pedagogica com coerência, para ser trabalho com os educandos, já que os mesmo utilização a tecnologia fora do meio escolar, diferenciando do educador que fica assustado com a necessidade de superar os novos desafio enfrentado na sua carreira profissional.Todo educador que preza pelo cuidado e na preocupação de ensinar novos alunos,não só estimulam,mas também possibilitam através de novas tecnologias a melhor solução para um determinado problema.Considerando que a escola deveria valorizar os interesses e habilidades predominantes dentro de um papel mais significativo na sociedade.Tecnologia e educação dupla perfeita para os dias de hoje e também para o futuro. A tecnologia tem um papel importante em todos os aspectos,principalmente quando se introduz na educação,tanto para o professor quanto para o estudante. Ela veio para contribuir com o aprendizado, ensinar,motivar,auxiliar,ensinar coisas novas abrir outros meios de educar,dentre outros aspectos importantes. Por tanto a tecnologia está presente em todo o nosso dia a dia. EX:Na própia escola, nós usufruimos dela,que nós vemos a ligação dela com a educação,pois fazes parte do modo de ensino de hoje,quase todas as escolas públicas e privadas tem um dia especifico para os alunos aprenderem a dominar essa tecnologia e eles tanto aprendem como ensinam os proficionais. A tecnologia tem o papel de estimular, de transformar, de desenvolver o crescimento e o conhecimento, contribuindo assim para a formação , ou seja , contribuir para a Educação de forma direta. Nos dias de hoje a tecnologia é mais uma ferramenta a favor da Educação, podendo ser considerada uma parceira, que veio para somar tanto para o educando quanto para o educador. Tecnologia na Educação quando a expressão é empregada, dificilmente se pensa em giz e quadro-negro ou mesmo de livros e revistas,a educação pode chegar a ficar tão ligadas a tecnologia que se tornarar difícil imaginar como a educação sera possível sem ela. A fala humana,a escrita, e, mais recentemente, o livro impresso, também foram inventados a educação á distância, provavelmente, com propósito de facilitar a educação em vista.Já hoje, porém, a educação é quase inconcebível sem essas tecnologias. Segundo tudo indica, em poucos anos o computador em rede estará oculpando, com toda certeza,o ensino tradicional. As barreiras são impostas pelo próprio ser humano, a partir do momento em que o medo nos impede de trabalhar o novo (que é um processo natural de cada indivíduo), consttitui-se um bloqueio psicológico, e à medida que vamos nos familiarizando com o objeto, percebemos que o novo dura o instante o qual ainda não o dominamos, necessariamente, e que superar desafios é mais simples do que se imagina. Na educação não poderia ser diferente, existem muitas dificuldades, mas com amplitude de pensamento é possível construir um mundo novo. A participação integral, e o trabalho coletivo e solidário para a democratização da informatização nos levará à evolução, mais uma vez. Na era da tecnologia,a sociedade contemporânea requer mudanças,transições e quebra de paradigmas.A educação,como ferramenta primordial para o aperfeiçoamento do homem,se acompanhada de novos recursos tecnológicos tende a contribuir para a aquisição de novos conhecimentos,dinamização do ambiente escolar e na transformação contínua do processo de aprendizagem. A educação e a tecnologia acabaram por se encontrarem de uma forma que uma complementou a outra. Influenciando assim a melhoria do ensino e ampliando o mesmo de uma forma que abrangeu a educação como um todo, fazendo assim a educação evoluir e ter atrativos para aprendermos com metodos que nos insentivam a buscar além do que temos, buscar o novo. A tecnologia é muito importante, tem um papel fundamental no nosso contidiano profissional e no dia dia a tecnologia e extremamente importante, para o mundo de hoje pois temos que acompanha de perto todo o desenvolvimento da Educaçâo atravez desse veiculo de comunicação. A tecnologia esta cada vez mais presente na vida das pessoas, principalmente dos professores e alunos,hoje nimguem vive sem a tecnologia As novas tecnologias devem ser integradas aos processos de formação continuada de professores, multiplicando informações para novos rumos na educação. Vivemos em um mundo tecnológico. o papel da tecnologia para a educação e de termos bons profissionais que saibam lhe dar com esse mundo tão avançado,para que possa formar pessoas com extrema inteligência.não adianta a tecnologia avançar se não termos bons profissionais nessa area,pois de que adianta estarmos em um mundo tecnologicamente tão avançado e não termos profissionais que avanssem juntos com a tecnologia. É algo que vamos passar de geração em geração com a tendência de que cada geração saiba mais que nos. A tecnologia é fundamental no nosso dia a dia,além de facilitar nossa vida também a torna mais divertida. Na educação as aulas se tornaram mais dinâmicas, mais interessantes e com inúmeras formas de se aprender e de interagir. A medida que começamos a desvendar os "mistérios" da tecnologia somos estimulados a buscar cada vez mais conhecimento. Ao trabalhar com as tecnologias na escola, de forma crítica, o professor estará criando condições para que o aluno consiga lidar com as tecnologias da sociedade. As tecnologias facilitam a construção de novos conhecimentos, promove a democratização da sociedade e esse trabalho inicia na escola . Quando falamos em tecnologia nos remetemos à forma de realizar atividades cotidianas de modo mais eficiente e eficaz, como por exemplo o ato de ensinar e educar.Não podemos negar que, como ferramenta adicional no processo de aprendizagem tem contribuído para difusão do conhecimento humano. No entanto, não podemos esquecer da interação necessária entre educador e educando que tem se limitado ao espaço virtual, colocando em segundo plano, a interação de experiencias, valores e virtudes, adquiridas tão somente em ambientes coletivos de ensino.Prova disso é a redução da importância do professor como contribuinte na formação do caráter e personalidade do discente, como mente presente antes da difusão da tecnologia do ensino. O perfil do novo educador não deve mais estar vinculado ao modo de ensino tradicional. Ele deve estar atento as novas técnicas e métodos que já vem sendo incluídos aos poucos no sistema e tentar desenvolve-lo de forma excelente. O modo tradicional tem de certa forma sua importância, mais é evidente para todos nós que já está ultrapassado. Muitos alunos desistem dos estudos pois acham "chato" ir para a escola, é uma obrigação insuportável para alguns e não um prazer. Então, já que existem tantas tecnologias sendo inseridas, o papel do educador é fazer uso dessas opções e fazer da escola, da sala de aula um lugar mais interessante onde os alunos gostem de estar. seja com o uso da informática ou redes sociais para fazer um integração entre classes, seja com aulas de música, teatro, dança, enfim, sair daquele modo rígido onde o estudo torna-se mais um decoreba do que o que realmente deveria ser, aprendizado. E ter um recurso presente na vida do individuo, que evolui de forma rápida o seu conhecimento, trazendo beneficios a ele para se tornar um aprendizado significativo e produtivo. Com o avanço tecnológico e professores qualificados, que fará um processo de inclusão social a esses alunos.O ensino fica fácil e muito mais interessante para o discente que por sua vez saíram da rotina escolar, onde até então só era professor, quadro e giz. Com a tecnologia, as aulas são mais atrativas, e os alunos mais questionadores, dessa forma estão sendo preparados para o mundo,que cada dia está mais informatizado. A nova tecnologia é uma ferramenta muito importante na aprendizagem, desde que seja bem utilizada, e é necessário que o professor se adapte a essa nova metodologia de ensino, e assim melhorar a educação. Diante de tantas tecnologias é fudamental que o educador,procure se manter atualizado para melhorar sua maneira de ensinar... A área da educação deve ser concebida como uma área aberta a novas descobertas e ao mundo tecnológico, e se a tecnologia é tão eficaz é necessário investimento. Por um lado a tecnologia é positiva se for para todos, e negativa se for para atender apenas uma parte da sociedade. Com a tecnologia as aulas se tornam mais dinâmicas, mais comunicativas, menos cansativas e mais interessantes por parte dos alunos. A sociedade avança a passos largos para a modernização e cabe a escola acompanhar esses passos porque se não, perde seu valor na sociedade. E com a tecnologia a educação se moderniza e torna-se um atrativo para as pessoas.  Ajuda nas atividades ,com o crecimento da tecnologi vem cada ves mais nos ajudar a ter mais criativadades para nossas aulas e se manter por dentro das novidade sq envouve nossos alunos,para um bom desenvolvimento. A tecnologia agora,é uma nova ordem ordem mundial,ou seja,vivemos na sociedade da informação.Por esse motivo,é necessário que nos adequemos á ela como novos educadores que seremos,buscando os conhecimentos técnológicos para que obtenhamos bom êxito na qualidade do ensino. Como nós todos sabemos,hoje o mundo ta muito mordeno,prar isso no nosso dia-a-dia termo que nos atualizar para que possamo nos iteragir com as outra pessoas,assim acontece a tecnológia na educação. O avanço da tecnologia é cada dia mais visível em nosso dia a dia, mas será que realmente precisamos de toda essa tecnologia? Na verdade vivermos hoje um mundo de novidades e sem percebemos o que o marketing faz, não percebemos qual é a nossa real necessidade. Simplesmente as vezes querer ter algo, simplesmente porque algué tem. Por exemplo precisamos ter realmente um ipardwi-fi de 16 GB, ou um smartphone Samsung Galaxy, sem sabermos como realmente estes equipamento moderno funcionam? Deixando nos levar pelo o marting mesmo, não podemos deixar de comentar que o tradicional tem a sua importância, que para ser um médico, um fisioterapeuta, não tem como ser um profissional de desse tipo se não for com o ensino tradicional. O computador tem a sua importância, mas não tem a prática, o contato fisíco, assim como a biblioteca que nunca vai deixar de existir. Precisamos sim aprender a lidar com o que temos condições de ter. A tecnologia é de extrema importância para a educação e vice-versa,um não vive sem o outro,pois a tecnologia serve de grande avanço para a educação hoje em dia.A sociedade em si muda a cada a dia,se transforma e,um dos grandes responsáveis disso é a tecnologia. Hoje é indicustível a importância da tecnologia na educação. É funadametal para o desenvolvimento do indivíduo em uma sociedade que o computador é uma ferrameta indispensável. A faculdade a distância é uma excemplo dessa realidade cada vez ,mas presente na educação, A cada dia que passa a tecnologia vem inovando cada vez mais, a nossa sociedade como um todo e com isso levando uma fonte maior de conhecimento a todos. A tecnologia nos dias atuais e cada vez maior e necessario.tanto para os ulunos ,quando para o professor e para o mundo. As mudanças na sociedade, vem sendo constantes. Observo que o sistema escolar sempre esteve tanto no passado quanto no presente em face de uma ordem social em mudança constante, a tecnológia da informação na educação e de absoluta importância, visto que esta se fazem convergir os estudos da cultura e dos mecanismos educativos,em especial neste final de século que desafia cada vez mais o conhecimento. Por outro lado existe a preocupação com o universo das diferenças e das práticas educativas, as singularidades as particularidades das sociedades humanas e seus diferentes grupos em face da universalidade do social humano e sua complexibilidade, através dos tempos e em particular num mundo que se globaliza. A educação futuramente será algo mais intessante, mais facil e menos estressante para o professor e para o aluno. De forma que o professor vai dar aula uma vez por semana e o aluno pode estudar a matéria dentro de casa. Claro que nem se compara ao ensino convecional, que e bem mais produtivo quando há um professor em sala de aula e alunos. Mas o ensino de hoje esta ficando precário, pelas condições dadas ao professor e as condições das escolas para os alunos. E muitos que vão para a escola não querem aprender. Muitas vezes vão apenas para passear. Com o ensino a Distância, você e que vai correr atrás de sua nota, e a duvida que você tiver  tira com o professor na aula presencial da semana. Visa proporcionar um ambiente com mais recursos e rapidez nas informações,isso faz com que o aluno tenha uma maior motivação e criatividade utilizando essa fermenta que é de fundamental importância para a educação. A Tecnológica na Educação tem transformado a forma de ver e pensar de muitos educadores e alunos, principalmente na elaboração, aplicação e execução de atividades tudo isso somada com a possibilidade de pesquisa oferecido pela web tem gerado entusiasmo em muitos alunos e também deixam as expectativas de muitos educadores em alta, e o efeito disso é uma melhora significativa na qualidade de ensinar e aprender. Hoje, a disponibilidade dos meios para acessar, utilizar, produzir e distribuir informações e conhecimento, por meio das chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação, é uma realidade cada vez mais presente na sociedade, com grandes repercussões na educação. Diante destas novas tecnologias, cabe ao educador orientar seus alunos para que sejam capazes de raciocinar, refletir, selecionar informações e analisá-las criticamente, para que efetivamente estas ferramentas possam contribuir no processo de aprendizagem. Como vemos todos os dias novas tecnologias não criadas e/ou implementadas em nossas vidas, aumentando assim nosso conhecimento e facilitando nossas vidas, temos a internet com a sua velocidade de transmição de dados podemos aumentar nossa interatividade com o mundo. Assim podemos aumentar conhecimento sobre pesquisas, debater sobre nossos conhecimentos, visitar lugares distantes como os museus europeus, assim agregando maior valor a nosso conhecimento. Hoje temos a tecnologia com a maior aliada da educação, pois seus recursos são praticamente ilimitados. AS ORGANIZAÇÕES DE UM MODO GERAL, ENTRE ELAS A DO ENSINO, ESTÃO DIANTE DE UM NOVO DESAFIO: DESVENDAR E INGRESSAR EM UMA NOVA FRONTEIRA,A DO MUNDO VIRTUAL.EM PLENA ERA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, A EDUCAÇÃO DE MANEIRA ESPECIAL,VIVE ESSE MOMENTO DE TRANSIÇAO, LENTA E GRADUALMENTE.AOS POUCOS A SALA DE AULA VIRTUAL VAI GANHANDO  FORMA, O SISTEMA DE APRENDIZAGEM VAI SE OTIMIZANDO E OS PROTAGONISTAS DESSE PROCESSO SE MODIFICANDO. PERCEBE-SE QUE A EDUCAÇAO A DISTANCIA, A MODALIDADE DE ENSINO QUE SEMPRE FOI CONSIDERADA "ALTERNATIVA" APROPRIA-SE COM EFICIENCIA DAS NOVAS FERRAMENTAS E EXPANDE-SE DE MANEIRA VERTIGINOSA, NA ALUCINADA VELOCIDADE DO MUNDO VIRTUAL. TRATA-SE DE UMA DESAFIADORA AVENTURA,QUE NÃO SÓ DERRUBA PARADIGMAS,BEM COMO EXIGE MUDANÇA RADICAL DE POSTURAS. A fim de adquirir condições de competir no mercado de trabalho,a educação a distância vem atendendo grande parte da população.Portanto, aqueles que se adaptarem e se dedicar terão mais chances de sucesso. Sem duvida o uso de tecnologias na educação abriu novos horizontes,vem mostrar que nao há barreiras quando se quer mesmo aprender,que a tecnologia é uma necessidade hoje em dia nao se pode mais educar com os velhos costumes esse tipo de aprendizado nao atende mais as necessidades dos alunos eles querem mais, tem cede de conhecimento. Se pensarmos de como a educação vem se desenvolvendo nos ultimos anos em relaçao a tecnologia podemos ver nitidamente uma grande evolucao em relaçao a recursos tecnologicos que podem subsidiar o ensino aprendizagem. É notório o desenvolvimento e a importância da tecnologia na educação, prova disso é o EaD que tem ajudado e alcançado muitas pessoas que não tem condições de estar em uma sala de aula, tendo o conteúdo sendo inserido de forma tradicional. A tecnologia traz ao homem uma aproximação virtual com seu professor, e por vezes consegue alcançar o aluno de uma forma mais eficaz onde atinge um feedback melhor do que quando convivem em uma sala de aula. Mas a tecnologia não faz nada sozinha, é necessário o esforço do homem pra aprender, pois o computador ou outras formas de comunicação não fazem nada se não for por interesse humano. Sendo assim, a partir do momento que o ser humano se interessa a aprender a tecnologia que traz a facilidade do aprendizado, isso se torna apenas mais um meio de adquirir o conhecimento. Atualmente o ensino virtual tem crescido muito no nosso cotidiano,e a influência deste é de suma importância para o desenvolvimento da educação, pois facilita o aprendizado de muitas pessoas que não podem estar em uma sala de aula. Trazendo ainda a praticidade aos professores que podem de variadas formas aderir o conhecimento aos alunos, e para o aluno as tecnologias ajudam na forma de aprendizagem, pois de varias maneiras ele encontra uma forma pra fixar o conteudo, tendo ainda a oportunidade de se comunicar com outros aprendizes. O Brasil precisa melhorar a competência dos professores em utilizar as tecnologias de comunicaçao e informaçao na educação. O Brasil tem que dar uma explicação para os professores sobre as tecnologia , porque os alunos gosta de novidades que chame ateção dos alunos porque tem como passar o conteuúdo , com avanço da tecnologia. É importante a idéia de introduzir as TICs em salas de aula, sem dúvida a aula fica mais interessante,e dá suporte à outras disciplinas,o saber usar a ferramenta,possibilita o aluno à busca de ampliar seus conhecimentos e interagir com pessoas do outro lado da tela,(ou do continente).Portanto, além de professores capacitados,é preciso mais investimento. A tecnologia é um complemento na educação e esta presente no dia a dia ,e as escolas que investem na informatização tendem a acompanhar esse avanço tecnológico.Com a preparação de professores e alunos,as aulas serão mais interativas e participativas.

AS TICs A SERVIÇO DA AÇÃO DOCENTE: O PAPEL DO DOCENTE


 

Vivemos, época que muito se fala que tecnologia está a serviço da ação docente e da necessidade  duma postura ética do docente atualizado com as TICs.Cabe ao estimulador de pensamentos, aproximar-se das ferramentas que a tecnologia possibilita, conhecendo-as e buscando utilizá-las para mudar as práticas pedagógicas lineares enaltecendo axiomas e atitudes inovadoras que norteiam a pós-modernidade com Ética na política, ética na religião, ética no esporte, ética nas mais diferentes profissões, muitas delas já com seu 
código de valores definido. E o docente já possui o seu código de ética e postura moral frente aos avanços biotecnológicos? Sabemos que inexiste um código de postura, devido a submissão de docentes à determinação de centrais sindicais e descompromisso com a educação bimodal,destacamos que a missão de educar  exige posturas éticas bem definidas, pois os os mediadores da tecnologia de informação e comunicação representam um “modelo” para seus aprendizes e para a sociedade em geral. Viver em sociedade implica em certas normas de convivência. Onde, se faz necessário a busca de pontos vistas focados na práxis dialógica e no respeito mútuo . O docente comprometido com o processo formativo compartilha e está disposto a se interagir com as práticas pedagógicas do ensino-aprendizagem,mantendo-se atualizado. Firme na busca do feedback capaz de nortear a existência e de serem assumidos por toda uma sociedade, que surge a ética. Segundo Vázquez,  
“A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em 
sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento 
humano. A nossa definição sublinha, em primeiro lugar o caráter científico desta 
disciplina; isto é, corresponde  à necessidade de uma abordagem científica dos 
problemas morais. De acordo com esta abordagem, a ética se ocupa de um 
objeto próprio: o setor da realidade humana que chamamos moral, constituído 
(..) por um tipo peculiar de fatos ou atos humanos. Como ciência, a ética parte 
de certo tipo de fatos visando descobrir-lhes os princípios gerais. (...) Enquanto 
conhecimento científico, a ética deve aspirar a racionalidade e objetividade mais 
completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos sistemáticos, 
metódicos e, no limite do possível, comprováveis” (Vasquez, 1997, p. 12-13).
Acredito que seja uma nova integraçao dos professores,em uma nova açao docente mediada pelas tecnologias.as novas tecnologias de informaçao e comunicaçao,se tornaram elementos integrantes e determinantes da sociedade tecnologica para que essas tecnologias sejam usadas no ambiente escolar,e necessario desenvolver em primeiro lugar,uma cultura digital,este trabalho para a constituiçao de uma açao docente mediada por tecnologias,tambem precisa orientar o educador para as praticas de ultilizaçao destas.e algumas outras analizes envolvendo toda essa area.
Essa tecnologia estando presente no meio docente é necessário que o professor tenha conhecimento e domínio dessas novas tecnologia.Aprimorando e dinamizando suas aulas por meio dessa ferramentas tecnológicas, onde todo o processo de construção do conhecimento nesse mundo contemporâneo inclui as novas tecnologias.É necessário quebrar as barreiras sociais,culturais,enfim democratizar e ampliar o acesso a esse mundo tecnológico e informático,cabe ao professor está atentos a todas essas mudanças e proporcionar um ensino de qualidade.
Cabe ao professor compreender a importância de manter-se profissionalmente atualizado, romper com práticas obsoletas e repensar os modelos pedagógicos. É necessário que ele inclua-se no universo do aprendiz e direcione sua prática segundo a realidade em que atua, voltada aos interesses e às necessidades dos alunos. Cabe, também, entender e aceitar que o uso das tecnologias é apenas mais um instrumento a ser empregado na prática docente, não um concorrente profissional e, que dessa forma, tanto alunos quanto professores serão beneficiados, pois trabalharão de forma cooperativa e dinâmica.
Diferente da metodologia tradicional, o professor que antes era a principal fonte de conhecimento,hoje com a disponibilidade das tecnologias os papeis foram trocados. O aluno passa a ser o principal responsável no processo de construção do seu próprio aprendizado.
O professor tem como objetivo motivar os alunos a procurarem as respostas dos seus próprios problemas e dificuldades. Despertando a curiosidade pela busca do conhecimento.Gerando em seus alunos autonomia intelectual.
Cabe ao professor também, aproximar-se das ferramentas que a tecnologia possibilita, conhecendo-as e buscando utilizá-las para mudar as práticas pedagógicas.
A tecnologia de informação e comunicação está presente em nossa sociedade, e nela encontramos nossas referência. Então o professor deve está disposto a se familiarizar com ela, mantendo-se atualizado.

sábado, 28 de abril de 2012

RAIMUNDO NONATO NERY DE SOUSA

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ESTIMULAÇÃO DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS POR MEIO DE JOGOS EDUCATIVOS EM CRIANÇAS DA 3a. SÉRIE



ESTIMULAÇÃO DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS POR MEIO DE JOGOS EDUCATIVOS EM
CRIANÇAS DA 3a. SÉRIE

 FORTALEZA,Sandra Maria.
CONSOLARO,Marina Mancini .
Faculdade de Ciências e Letras – Unesp – Campus de Assis.
http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2005/artigos/capitulo%2010/estimulacao.pdf

RESUMO

                        O conceito de inteligência tem sido reformulado deixando de referir-se a um modelo
                        inato e inalterável de capacidades para dar lugar a uma concepção plástica e global de
                        inteligência que abarca as dimensões: espacial, lógico-matemática, verbal, pictórica,
                        intra e interpessoal, musical, cinestésico-corporal e naturalista. Considerando que a
                        inteligência pode ser desenvolvida e aperfeiçoada, os jogos educativos atuam como
                        instrumentos auxiliares no processo de ensino-aprendizagem, propiciando às crianças
                        estímulo à outra forma de aprendizagem que se alia ao lúdico, manifestando seu
                        potencial criativo, a livre expressão e o contato interpessoal. Faz-se necessário que os
                        educadores apropriem-se desse instrumento, que pode mostrar-se atraente às crianças
pelo pertencimento ao seu universo lúdico e pela desrotinização das práticas educativas, além da capacidade de exploração de conteúdos didáticos e proporcionando estimulação de múltiplas inteligências.

Palavras-chave: jogos educativos; inteligências múltiplas; ensino-aprendizagem.

INTRODUÇÃO

No início do século XX, Alfredo Binet elaborou um instrumento por meio do qual era
possível prever quais crianças teriam sucesso escolar. O instrumento desenvolvido por Binet testava
a habilidade das crianças nas áreas verbal e lógica. Este instrumento deu origem ao primeiro teste de
inteligência. Subseqüentes testes de inteligência tiveram enorme influência durante este século, sobre
a idéia que se tem de inteligência, embora o próprio Binet tenha declarado que um único número,
derivado da performance de uma criança em um teste, não poderia retratar uma questão tão complexa
quanto a inteligência humana.
A inteligência parece pronunciar-se de maneiras diferentes de indivíduo para indivíduo,
desse modo, o conceito de inteligência única e geral cedeu espaço à concepção de inteligências
múltiplas. Howard Gardner (1985), fundamentado nos estudos realizados na neuropsicologia
questionou a tradicional visão da inteligência, uma visão que enfatiza as habilidades lingüística e
lógico-matemética.

A Teoria das Inteligências Múltiplas é uma alternativa para o conceito de inteligência
como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou
menor, em qualquer área de atuação. Foram identificadas diferentes formas de inteligência, como:
lingúística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista.
Tais competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos
próprios, substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Embora
estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam
isoladamente (Gardner, 1985).
Os componentes centrais da inteligência lingüistica são uma sensibilidade para os sons,
ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da
linguagem. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias
originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.
A inteligência musical se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou
reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais,
sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir ou reproduzir música. A criança
pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e,
freqüentemente, canta para si mesma.
A inteligência lógico-matemática se manifesta por uma sensibilidade para padrões,
ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da
manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para
lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los.
A inteligência espacial é descrita como a capacidade para perceber o mundo visual e
espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial.
A habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo consiste na inteligência cinestésica-corporal. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais, demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.

A inteligência interpessoal pode ser descrita como uma habilidade para entender e
responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas. Na
sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a
habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber
intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. O
correlativo interno da inteligência interpessoal é o conceito de inteligência intrapessoal, isto é, a
habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão
deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e
inteligências próprias, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade
para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de
todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através
de manifestações lingüisticas, musicais ou cinestésicas.
Gardner (1985) propõe que todos os indivíduos, em princípio, possuem, como parte de
sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. A linha de
desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e
neurobiológicos quanto por condições ambientais. A noção de cultura é básica para a Teoria das
Inteligências Múltiplas. Com a definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou
criar produtos que são significativos em um ou mais ambientes culturais. Gardner (1985) sugere que
alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura
valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e, depois,
passados para a geração seguinte.
As implicações da teoria das inteligências múltiplas para a educação são claras.
Gardner (1985) sugere a necessidade da individualização. Se os indivíduos têm perfis cognitivos tão
diferentes uns dos outros, as escolas deveriam, ao invés de oferecer uma educação padronizada,
tentar garantir que cada um recebesse a educação que favorecesse o desenvolvimento do seu
potencial individual. Este autor também enfatiza a necessidade de avaliar as diferentes inteligências
em termos de suas manifestações culturais e ocupações adultas específicas. Finalmente, ele propõe
que a avaliação, ao invés de ser um produto do processo educativo, seja parte do processo educativo,
e do currículo, informando de que maneira o currículo deve se desenvolver.
A utilização de jogos pedagógicos pode favorecer e auxiliar o desenvolvimento das
diversas inteligências e auxiliar o processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, percebe-se que as
práticas de ensino não apresentam novidades que despertem a atenção e atraiam as crianças para as
atividades. Em sua maioria restringem-se ao ambiente fechado da sala de aula, e recursos
diversificados ficam esquecidos pelos professores e monitores. A transmissão de conhecimentos é
verticalizada e alunos e professores não interagem, não trocam experiências, saberes e
questionamentos. O professor restringe-se a transmitir conteúdos didáticos e aos alunos cabe o papel
passivo de mero receptor desses conhecimentos. A forma de transmissão destes, desarticula-se aos
interesses das crianças.
Estudos mostram que a utilização de jogos em ambiente escolar pode favorecer o
desenvolvimento cognitivo e proporcionar situações promotoras de aquisição de conhecimentos
específicos em diferentes disciplinas (Brenelli, 2001 e 1996). Entretanto, o jogo tem sido pouco
utilizado pelos professores em sala de aula.
O brincar, inerente ao cotidiano infantil, não é valorizado como instrumento de
aprendizagem e somente permitido nos horários de intervalo entre as aulas. Percebe-se um
desconhecimento dos educadores quanto a instrumentos alternativos que possam auxiliar no processo
de aprendizagem, e apego a métodos tradicionais, como por exemplo, aulas essencialmente
expositivas. Faz-se necessária à reestruturação do processo de ensino-aprendizagem, adequando-o
às necessidades globais da etapa de desenvolvimento da criança e considerando seu universo lúdico
conectado à sua apreensão do mundo, do qual também faz parte a escola.
Através do jogo a criança experiencia o mundo, testa novas possibilidades, troca de
papéis, expressa desejos e fantasias ampliando seu universo. É também por meio do jogo que se
revelam à autonomia, a originalidade, a possibilidade de ser livre, de inventar e de poder expressar o
próprio desejo convivendo com as diferenças. A criança tem maneira de ver, de pensar e de sentir que
lhe são próprias, e a aprendizagem não ocorre senão através de uma conquista ativa (Almeida, 1978).
Por muito tempo os jogos foram vistos como desprovidos de qualquer significação
funcional, porém hoje a Pedagogia moderna reestruturando seu enfoque no aluno como ativo no seu
próprio processo de ensino-aprendizagem, permitiu ressurgir a necessidade e a importância dos jogos
na atividade didática. Se for permitida à criança a escolha do jogo que lhe desperte curiosidade e
interesse e lhe for conferida autonomia no brincar, na medida em que possa testar livremente as
possibilidades, errar sem repreensões e trocar experiências com as outras crianças e o professor, ela
tornar-se-á ativa no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento (Almeida, 1978 e Antunes,
2003).
Ao trabalhar-se com um jogo específico é possível estimular várias capacidades cognitivas num grupo de crianças e até mesmo individualmente. Ainda que organizados por inteligências específicas, atuam sempre de forma interdisciplinar e estimulam simultaneamente outras inteligências. A educação de crianças em um ambiente sensorialmente enriquecedor - presença de cores diversas, música, sensações, variedade de interação, exercícios corporais e mentais - pode ter impacto sobre suas capacidades cognitivas e de memórias futuras.
A capacidade cognitiva possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos
fenômenos sociais e culturais para a construção de novas conexões e conseqüentemente sua atuação
no mundo. Exercitada através de estímulos sensoriais e atividades de certa complexidade, a cognição
pode ser ampliada através de múltiplas conexões neuronais formando uma rede de informações
diversificadas. Neste sentido, a interação da criança em um ambiente estimulador tornar-se-ia benéfica
ao desenvolvimento cognitivo (Cardoso e Sabattini, 2000).
Pesquisas indicam que uma experiência enriquecida pode ajudar a reduzir o risco de
declínio cognitivo com a idade. Deste modo, viver em um meio com circunstâncias favoráveis, como
desempenhar atividades que envolvam alta complexidade e baixa rotina, leitura extensiva e atividades
culturais, dentre outras, exerceriam papel fundamental para prevenir o declínio da memória
(Annunciato, 1994 e Kandel et al., 2000).
A aprendizagem é uma mudança relativamente estável num estado interno do
organismo, resultante de prática ou experiência anterior, que constitui condição necessária, mas não
suficiente, para que o desempenho ocorra. Sabe-se que a aprendizagem está intimamente ligada à
atenção e memória e esta depende de uma estruturação complexa de conexões neuronais que em
maior quantidade, criam novas vias e facilitam a passagem dos impulsos nervosos (Kandel et al.,
2000).
O aumento das conexões neuronais ocorre devido à plasticidade cerebral,
principalmente nos primeiros anos de vida, e o fator preponderante para esta aquisição neural é o
processo de estimulação. Não há dúvida também que, a facilitação do processo de aprendizagem é
proporcionada pelo aumento das conexões nervosas, ativando mais rapidamente áreas cerebrais
envolvidas nesse processo.
Muitos tipos de aprendizagem requerem uma rede complexa de neurônios. Isso é
possibilitado pela plasticidade neural. Plasticidade cerebral é a denominação das capacidades
adaptativas do Sistema Nervoso Central - sua habilidade para modificar sua organização estrutural
própria e funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de
alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a
estímulos repetidos (Luna et al., 2002).
O presente artigo apresenta a inclusão de Jogos Educativos no cotidiano escolar como
instrumentos facilitadores do processo de ensino-aprendizagem e a discussão do processo de
inserção na rede de ensino bem como de seus benefícios, visto que a ampla gama de jogos propicia a
estimulação simultânea e interdisciplinar de diversos tipos de inteligência, aprimorando as capacidades
lógica, verbal, abstrativa, espacial, musical e interpessoal. Ademais, a atividade lúdica também pode
promover a socialização e integração entre as crianças.

DESENVOLVIMENTO

O projeto de inclusão de Jogos Educativos foi realizado com os alunos da 3a. série do
ensino fundamental da EMEIF Maria Amélia de Castro Burali, localizada no município de Assis, durante o ano letivo de 2005. Objetivou-se o exercício da atividade lúdica inerente ao contexto infantil na faixa etária dos 9 anos, como um propulsor da aprendizagem, através de jogos que atuassem como
estimuladores cognitivos; a intervenção junto aos educadores com a proposta de um trabalho
diversificado com os alunos utilizando jogos educativos e oferecendo novos espaços além da sala de
aula, que permitissem às crianças realizarem descobertas coletivamente e com maior liberdade de
interação; propiciar o entrosamento entre alunos e professores visando a realização das atividades de
forma integrada. A realização do projeto ainda propiciou às crianças, a confecção dos jogos com
materiais simples como papéis diversos, cola, tesoura, barbante, palitos de sorvete, canudos, copos
plásticos descartáveis, tinta guache e lápis de cor, a fim de que as crianças se percebessem
ativamente como criadoras, expressando suas preferências livremente e posteriormente valorizando
suas produções, tanto individuais quanto grupais.
A coordenação da escola na qual foi desenvolvido o projeto relatou a necessidade de
realização de atividades diferenciadas numa sala específica de 3a. série, e solicitou que as atividades
fossem desenvolvidas com essa sala. Então, o projeto que anteriormente seria executado com a 4a
série foi realizado com a 3a série, sem que houvesse prejuízo dos objetivos propostos ou do
desenvolvimento deste.
Foi constatado que na própria escola existiam várias modalidades de jogos educativos,
inclusive uma sala equipada com microcomputadores, os quais também dispunham de jogos,
entretanto, o uso desse material era raro por essa turma específica e o mesmo ocorria com as outras
turmas da escola.
Os jogos foram propostos segundo Antunes (2003) que descreve diversas modalidades
de jogos para estimular e propiciar o desenvolvimento das dimensões da inteligência. A escolha dos
jogos educativos considerou a faixa etária e as necessidades específicas da classe, bem como a
disponibilidade de materiais para a confecção dos jogos, que foi realizada em conjunto com as
crianças com o propósito de promover a integração entre os próprios alunos e destes com a
professora.
Houve preocupação e cuidado na escolha do local de realização das atividades,
buscando variação de ambientes e estímulos, possibilitando mais espaço para a criação, para o
movimento, para a interação entre as crianças e a diversificação nos tipos de jogos visando despertar
interesse e mobilização. Enfocando uma modalidade de inteligência de cada vez, realizaram-se cerca
de três jogos específicos e distintos para cada modalidade, em dias diferentes. Por sua vez, cada jogo
englobava e auxiliava também no desenvolvimento de outros tipos de inteligência além daquela que
era enfocada, ou seja, a estimulação ocorreu de modo generalizado durante todo o ano.
Cada atividade foi explicada de modo simples e claro para as crianças, pois, elas
sentiam-se perdidas com informações gerais, demonstravam necessidade de direcionamento durante
toda a realização da atividade. Tal dificuldade foi diminuindo no decorrer do ano na medida em que
estavam mais confiantes na liberdade que lhes era dada. As crianças recebiam os materiais para a
confecção dos jogos, que em algumas situações eram confeccionados individualmente e em outras em
duplas ou grupos.
A proposta foi recebida pelos alunos com empolgação por se tratar de algo diferenciado
do que eles estavam habituados a realizar na sala de aula ou na escola. Diferenciado também por
proporcionar o contato com diversos materiais coloridos, com a possibilidade de trabalhar em grupos e
explorar novos espaços na escola.
Nem todas as atividades propostas com previsão de realização externa à sala de aula
puderam ser desenvolvidas por motivos temporais ou de disponibilidade dos espaços. Os alunos
apresentavam dificuldades na organização dos grupos e aguardavam sempre orientações e instruções
acerca do modo "correto" de como deveriam realizar cada ato. Acostumados a serem dirigidos ficavam
temerosos de não receber aprovação e continham a espontaneidade.
Após a criação as crianças comparavam suas produções com as dos colegas e tendiam
a auto-crítica severa, querendo destruir o que haviam feito. Ouvir e compreender pontos de vistas
diferentes também foram um desafio, com o qual no final do ano já estavam mais familiarizados. Neste
sentido, o resultado foi muito positivo, pois, estimulou a relação interpessoal, a busca de um consenso
no grupo e a aceitação do “diferente”.
Com o desenvolvimento do projeto foi verificado que as crianças se permitiam criar com mais espontaneidade e até iam além do proposto pela atividade. Entretanto, apresentavam dificuldades básicas de conteúdo, e em função dessas dificuldades as atividades foram simplificadas
para que elas conseguissem acompanhá-las e realizá-las.
O período de tempo disponibilizado para realização das atividades era de uma hora e
meia. Como as crianças apresentavam dificuldades em se organizar e iniciar a tarefa, algumas vezes
não sobrava tempo ou este era muito escasso para uma conclusão em conjunto. Esse desfecho é
essencial para que a atividade ganhe sentido para as crianças. Por esse motivo, ao final do projeto
foram realizadas apresentações dos trabalhos dos alunos a fim de que todos se apropriassem e
valorizassem o que o grupo havia produzido no decorrer do ano.

Já na primeira atividade realizada as crianças demonstraram grande entusiasmo. Na
sala de aula cada aluno formulou três expressões matemáticas que não deveriam ser solucionadas.
Algumas mais simples e outras mais elaboradas foram colocadas em uma sacola para posteriormente
serem sorteadas. Num pátio da escola as crianças foram convidadas a jogar “Amarelinha”. Divididos
em dois grupos, um membro de cada jogava de cada vez e só poderia avançar a casa se apresentasse o resultado correto da expressão sorteada. Apesar de cada um ter sua vez para jogar, logo começaram a ajudar uns aos outro na solução das equações e assim, o objetivo maior passou a ser resolver novas equações independentemente de avançar casas ou não na Amarelinha. Torciam pelo desempenho dos colegas e aguardavam com ansiedade sua vez. Convidada a participar, a professora interferiu na formação dos grupos, o que deveria ter ocorrido espontaneamente.
A atividade seguinte visou à estimulação da inteligência verbal com um jogo de palavras. Dispostos em grupos, deveriam atribuir os antônimos correspondentes para cada grupo de palavras, sendo vencedor o grupo que apresentasse o maior número de palavras corretas. Nesta atividade as crianças encontraram muita dificuldade, tanto no conhecimento das palavras quanto na atribuição dos
antônimos. As atividades seguintes trabalharam as inteligências pictórica, naturalista, cinestésico-corporal, musical, intra e interpessoal, além das verbal e lógico-matemática.
Aplicou-se um questionário às professoras, em especial de 3a. série. O questionário
visava identificar se as professoras tinham conhecimento sobre jogos educativos, se os utilizavam ou
não e o motivo da utilização ou da não utilização. O questionário aplicado ainda mostrou qual a
percepção das professoras em relação à recepção das crianças aos jogos. A resistência em responder um questionário breve reflete também a resistência a novas práticas. A partir da aplicação do questionário observou-se que os professores apesar de relatarem conhecimento acerca dos benefícios proporcionados por jogos educativos, ainda os mantêm além de sua prática. Houve relato de uso, constituindo inclusive a proposta de trabalho de apoio pedagógico na alfabetização e no
desenvolvimento do raciocínio lógico, obtendo resultados de promoção do trabalho em equipe, da
percepção e o comprometimento com o resultado do que é proposto. Na sala em que há uso constante
do instrumento a professora relata que os próprios alunos requerem os jogos. Por outro lado, foi
constatado que há referências à utilização dos jogos com fins de recreação, sendo que a utilização dos mesmos está vinculada a lazer e não à contribuição no processo de ensino-aprendizagem.


CONCLUSÃO

Ao avaliar-se o desenvolvimento do projeto no decorrer do ano deve-se voltar à atenção
a necessária abertura da rede de ensino, desde os dirigentes de escola até os educadores, a novos
instrumentos de ensino e à visão do aluno ativo no seu próprio processo de aprendizagem.
Comparando a escola a um organismo no qual uma parte é dependente da outra e o funcionamento é
conjunto, o trabalho funcional deve ser realizado em equipe que deve pautar-se por objetivos em
comum. Deste modo, não basta que haja disponibilidade do professor para o trabalho com novos
instrumentos se a coordenação não lhe permite tal prática, seja pelo acesso a esses instrumentos ou
pela imposição de barreiras na sua utilização, ou por outro lado, se a visão de ensino dinâmico e
multidisciplinar não for compartilhada por todos os componentes da rede de ensino, e principalmente
pelo professor.
O professor, um dos órgãos vitais desse organismo que é a escola, deve estar em
constante aprimoramento e atualização de suas práticas e dos recursos disponíveis para o
desempenho de seu trabalho. Durante a realização deste projeto percebeu-se que apesar da escola
dispor de grande variedade de jogos educativos e de haver estímulo ao seu uso pela direção e
coordenação, havia muita resistência de alguns professores em inseri-los no seu cotidiano de ensino.
Através da realização do questionário pôde-se perceber que em parte isso se dá pela visão do jogo
como uma prática distante do aprendizado, voltada intimamente ao lazer e que conduz à desordem e
indisciplina dos alunos. Além disso, muitos jogos podem ser confeccionados na própria escola com
materiais acessíveis, os quais muitas vezes estão disponíveis na própria instituição sem que gere um
custo excessivo para sua aquisição, e com os quais já houve contato pelas crianças, o que facilita o
manuseio.
Partindo do referencial de aluno ativo na aprendizagem é possibilitado ao educador
estabelecer uma nova relação com seu aluno, não aquela verticalizada e unilateral, mas uma relação
que aproxime, que promova a interação e a troca de conhecimentos entre educador e educando,
permitindo àquele estar mais sensível às reais necessidades e/ou dificuldades deste, conduzindo seu
trabalho de modo a atender objetivos específicos de seus alunos. Além disso, o próprio modelo de
ensino que impõe ao aluno permanecer sentado e quieto quase que todo o tempo, que lhe imprime
este caráter passivo, necessita ser reavaliado a fim de propiciar autonomia e amparo ao professor
neste processo. Isso significa que é muito difícil obter-se resultados positivamente diferenciados
isoladamente. É necessário que haja continuidade nos projetos, em especial este, pois, sabe-se que a
estimulação tão mais eficiente será se realizada global e continuamente.
Diante da visão da inteligência como múltipla e capaz de ser constantemente
aperfeiçoada, a realização deste projeto originou um processo de introdução de um novo instrumento
de ensino e aprendizagem, e consequente desenvolvimento dos alunos, tanto a estes, que o
desconheciam, quanto à professora que se mostrou resistente ao seu uso. Um dos maiores desafios é
fazer com que o professor se aproprie dos jogos e dê-lhes significado pedagógico, já que a brincadeira
ou a atividade que se distancia da metodologia ortodoxa de ensino é comumente percebida como
passatempo ou mero descanso, tanto para a criança quanto para o professor que naquele momento
fica "desobrigado" de uma atuação didática. É imprescindível o conhecimento desse instrumento para
o melhor manejo de sua inserção com os alunos.
A aceitação do trabalho com jogos foi muito positiva entre as crianças, que
manifestavam grande interesse pela atividade e se dedicaram para sua realização. Apesar das
dificuldades encontradas (organização dos alunos, deficiências em conceitos básicos, resistência da
professora) foram alcançados resultados muito benéficos predispondo as crianças a tarefas em
grupos, relacionando-se com outras formas de aprendizagem que não os métodos tradicionais.
Adquiriram papéis mais ativos no seu próprio processo de aprendizagem, fazendo novas
experimentações e dando vazão à criatividade. Ao final do projeto as crianças já trabalhavam em grupo de modo mais harmônico, demonstravam mais confiança na sua capacidade de realização, criavam com mais autonomia e liberdade diminuindo a crítica excessiva, acolhiam mais as realizações dos colegas de sala valorizando positivamente o que haviam produzido, individualmente ou em conjunto. Contudo, a estimulação deve ser constante e contínua, a fim de propiciar resultados
mais significativos, pois, sabe-se, que a longo-prazo a estimulação atua contra os declínios de
memória e déficits cognitivos.

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